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Curiosidades / Personagem

Monge que ateou fogo no próprio corpo: Há 60 anos, era tirada a foto que entrou para a História

A história por trás da dramática foto tirada em 1963 — e recebeu um Pulitzer

Redação Publicado em 11/06/2020, às 08h00 - Atualizado em 09/06/2023, às 17h18

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Malcolm Browne segura o registro da imagem que entrou para a História - Jack de Nijs
Malcolm Browne segura o registro da imagem que entrou para a História - Jack de Nijs

Quando Malcolm Browne capturou o momento em que o monge budista Thích Quảng Ðức ateou fogo em seu próprio corpo, o fotógrafo não imaginou o quanto a imagem ficaria conhecida. Muito menos que ele ganharia dois prêmios pela foto impressionante. Mas o que realmente aconteceu com o monge para tomar uma atitude tão chocante?

Foi em 1955 que Ngo Dinh Diem se tornou o primeiro presidente do Vietnã do Sul após a independência e divisão do Vietnã. Por mais que, na época, grande parte da população local fosse budista, o regime era declaradamente pró-católico.

Por isso, logo que assumiu o posto, Ngo declarou o país como devoto da Igreja Católica. Essa decisão, junto de políticas discriminatórias contra o budismo, gerou um clima de insatisfação popular, como repercutido pelo Atlas Obscura em 2018.

Em 1959, a bandeira budista foi proibida de ser hasteada. Isso tencionou ainda mais o clima do país — que estava em guerra contra os EUA e outros países asiáticos —, gerando diversos protestos em prol da religião que sofria com as proibições.

Foi em um desses atos, em Saigon, que Thích Quảng Ðức praticou a autoimolação, ou seja, um autossacrifício em prol de algo maior. Monges apareceram, contando Thích, e se aglomeraram nas ruas para protestar contra o mandante do país.

Testemunhas dizem ter visto o religioso chegando ao local em um carro, acompanhado por outros dois monges. Bem no meio de um cruzamento, Thích desceu do veículo e se sentou calmamente em uma almofada, na posição de lótus, como repercutido pelo artigo "Atos incendiários e vanguardas apócrifas: Thích Quảng Đức, autoimolação e vanguardismo espiritual budista".

Um dos monges que o acompanhava, então, despejou um galão de gasolina sobre Thích. Encharcado, ele mexia nas contas de oração que tinha nas mãos, recitando uma prece. As testemunhas afirmaram que, logo em seguida, na frente de centenas de pessoas, o monge acendeu um palito de fósforo e ateou fogo em si.

A morte

Thích saiu da posição de meditação quando morreu e seu cadáver tombou para trás. "Eventualmente, é claro, ele simplesmente caiu e se contorceu algumas vezes e foi isso", explicou Malcolm Browne à BBC em 1995. Nesse momento, já com as chamas apagadas, um grupo de monges se aproximou do corpo e o cobriu. O cadáver foi levado a um tempo budista no centro de Saigon, onde foi cremado novamente, durante o funeral.

"Eu não sei exatamente quando ele morreu porque você não poderia dizer por suas feições ou voz, ou qualquer coisa. Ele nunca gritou de dor. Seu rosto parecia permanecer bastante calmo até ficar tão enegrecido pelas chamas que você não conseguia mais vê-lo. Finalmente os monges decidiram que ele estava morto e trouxeram um caixão, um caixão de madeira improvisado", explicou o fotógrafo Malcolm Browne em entrevista à Time em 2012.

Logo depois da morte de Thích e de outras autoimolações que se seguiram no país, as tensões religiosas levaram ao golpe de estado que resultou na derrubada e morte do presidente, em novembro de 1963.