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Vitrine / Personagem

Depressivo e melancólico: o lado B de Martinho Lutero

Obra Martinho Lutero-Renegado e Profeta, da historiadora australiana Lyndal Roper apresenta fatos inéditos da vida do religioso

Victória Gearini Publicado em 24/02/2020, às 20h17

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Martinho Lutero (1438-1546) - Wikimedia Commons
Martinho Lutero (1438-1546) - Wikimedia Commons

Em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero (1438-1546) começou uma das maiores revoluções da História: a Reforma Protestante. Naquela data, o monge pendurou na porta de uma Igreja Católica, 95 teses religiosas.

A obra recém lançada no Brasil, pela Companhia das Letras, Martinho Lutero-Renegado e Profeta, da historiadora australiana Lyndal Roper aborda o lado B do monge. Especialista na Reforma Protestante, a escritora busca retratar fatos inéditos da vida de Lutero, além de, explicar como este líder religioso conseguiu atrair milhares de fiéis.

“A reforma de Lutero rompeu definitivamente a unidade da Igreja Católica, e pode-se atribuir a ela até mesmo o início do processo de secularização no Ocidente, na medida em que o catolicismo perdeu seu monopólio em grandes áreas da Europa”, escreveu a autora.  

Lutero discursando na Alemanha / Crédito: Wikimedia Commons

Em uma entrevista realizada pelo jornal O Estado de S.Paulo, no último sábado, 22, Lyndal explica que Lutero possuía o dom da escrita e da comunicação, o que lhe possibilitou atingir as massas, e desta forma, propagar seus ideais. Além disso, segundo a especialista, ele possuía hábitos incomuns. 

“Ele mantinha aberta uma veia na sua perna para acalmar suas dores de cabeça e falava muito do seu ‘Anfechtungen’, suas atribulações e experiências espirituais, o que poderíamos entender como depressão ou melancolia”, disse Lyndal ao Estadão.

Para a autora, a ruptura da amizade de Lutero com seu parceiro Andreas Karlstadt - primeiro colega de trabalho e responsável pelo doutorado do monge - influenciou drasticamente em seu caráter e na Reforma Protestante.  

Martinho Lutero (1438-1546) / Crédito: Wikimedia Commons

“Quando ele (Lutero) estava escondido, depois da Dieta de Worms, em Wartburg, Andreas Karlstadt, assumiu a liderança da reforma da Reforma em Wittenberg. Quando ele (Lutero) retornou, reverteu as reformas de Karlstadt e, quando este defendeu que fossem abolidas as imagens e afirmou que comunhão era um memorial, não um ritual onde Cristo estava realmente presente nos elementos do pão e do vinho, Lutero se opôs enfaticamente a essa posição”, acrescentou Lyndal em entrevista ao jornal.

De acordo com a historiadora, os dois amigos fizeram as pazes após a Guerra dos Camponeses e quando Karlstadt faleceu, Lutero retirou o ritual da hóstia do protestantismo. “Acredito que ele foi um indivíduo extraordinário, com talentos excepcionais”, finaliza Lyndal ao Estadão.


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