Considerada maior cobra do mundo, a Titanoboa — que alcançava até 14 metros de comprimento — pode ter perdido o lugar mais alto do pódio para outra rastejante
Frequentemente temidas e incompreendidas, as cobras desempenham um papel crucial na teia da vida, sendo predadoras essenciais para a manutenção do equilíbrio ambiental. As cobras controlam populações de roedores, insetos e outros pequenos animais, evitando superpopulações que podem prejudicar cultivos e disseminar doenças.
Inclusive, não se sabe desde quando as cobras existem, já que há registros muito antigos sobre elas, com datas baseadas na casa dos milhões de anos. Mas como todo animal, existem diversas espécies com características muito diferentes (principalmente através da história, graças a evolução).
Falando exatamente de características um tanto quanto diversas, lembra da Titanoboa, a cobra colossal que dominou a América do Sul e ostenta o título de maior serpente já conhecida? Prepare-se para ter sua percepção de "gigante" redimensionada!
Uma equipe de investigadores na Índia desenterrou fósseis de uma cobra pré-histórica que, segundo as estimativas, pode ter superado até mesmo a lendária Titanoboa em tamanho. Veja a seguir!
Uma nova espécie recebeu o nome de Vasuki indicus, em referência a serpente Vasuki da fé hindu, geralmente retratada enroscada no pescoço de Shiva. Esta criatura habitou a Terra há cerca de 47 milhões de anos, durante o período Eoceno. A descoberta, de grande importância, sugere que o tamanho dessa serpente provavelmente variava de 11 a 15 metros.
As conclusões foram divulgadas na revista Scientific Reports e derivaram da análise de fragmentos de vértebras fósseis, com comprimentos variando entre 6 e 11 centímetros. Inicialmente, os cientistas interpretaram erroneamente esses fósseis como pertencentes a algum tipo de crocodilo antigo, devido ao tamanho considerável das vértebras.
Para estimar o tamanho total da V. indicus, a equipe utilizou dados sobre as dimensões das vértebras de cobras contemporâneas, comparando-as com os fósseis encontrados. Até então, a serpente recordista era a Titanoboa (Titanoboa cerrejonensis), que habitava a região que hoje corresponde à Amazônia, alcançando até 14 metros de comprimento.
Para contextualizar, as sucuris gigantes atuais têm metade desse tamanho, atingindo no máximo sete metros de comprimento. A discrepância entre as cobras modernas e essas antigas gigantes pode ser atribuída à temperatura. Acredita-se que essas serpentes habitaram um ambiente com temperatura média em torno de 28°C.
O grande tamanho de Vasuki sugere que os trópicos eram comparativamente mais quentes do que são hoje. Isso ocorre porque estudos anteriores mostraram uma correlação entre o aumento da temperatura ambiente e o tamanho corporal de poiquilotérmicos (por exemplo, cobras). A temperatura desses animais varia de acordo com a do ambiente", relatou Debajit Datta, paleontólogo do Instituto Indiano de Tecnologia Roorkee e coautor do estudo, em entrevista para a Newsweek.
A pesquisa indica que a V. indicus pertence à família de cobras conhecida como Madtsoiidae, uma antiga linhagem que surgiu no final do período Cretáceo, entre 100,5 e 66 milhões de anos atrás. Essas serpentes se espalharam por diversos continentes, sendo encontradas na América do Sul, África, Índia, Austrália e sul da Europa.
Segundo o estudo, essas criaturas se originaram na Índia e se deslocaram para o norte da África através da Eurásia após a colisão do subcontinente indiano com a Ásia, há aproximadamente 50 milhões de anos.
Por fim, os pesquisadores afirmam que não é possível confirmar se a V. indicus era realmente maior que a Titanoboa, pois as vértebras encontradas podem ter pertencido a um espécime de tamanho menor, de acordo com a Super Interessante.
Nossos dados sugerem que Vasuki era apenas um pouco menor em comprimento que Titanoboa. No entanto, não podemos descartar totalmente a possibilidade de a Vasuki ser maior que a Titanoboa, porque as vértebras de nossa coleção podem não ter vindo do maior indivíduo. O mesmo vale, no entanto, para a Titanoboa", conclui Datta.
Assim, a batalha entre as cobras gigantes permanece sem uma vencedora clara.