Depois que a chamada "pedra da morte" foi encontrada partida ao meio no ano de 2022, surgiram temores e especulações de que entidade estaria à solta
Era março de 2022 quando a Sessho-seki, ou “pedra da morte”, foi encontrada partida ao meio no Parque Nacional Nikko, cerca de 160 quilômetros ao norte de Tóquio.
Segundo a mitologia japonesa, essa rocha aprisionava o espírito maligno de uma raposa de nove caudas chamada Tamamo-no-Mae, logo surgiram temores e especulações de que a entidade estaria novamente à solta.
A causa exata ainda é incerta, mas alguns especialistas acreditam que as baixas temperaturas do inverno possam ter contribuído para o ocorrido.
De acordo com informações do portal CNN, divulgadas em 2022, o professor Nick Kapur, da Universidade Rutgers, explicou que a água pode ter penetrado nas fissuras existentes, congelado e expandido, provocando a separação. No entanto, muitos preferem uma explicação mais sobrenatural, ligada ao antigo mito que envolve Tamamo-no-Mae.
De acordo com a lenda, Tamamo-no-Mae era uma raposa de nove caudas com a habilidade de mudar de forma. Transformada em uma mulher de beleza incomparável, ela encanta o imperador Toba, que governou o Japão entre 1107 e 1123.
Com a aproximação da mulher, o soberano começa então a adoecer misteriosamente, chamando a atenção de um astrólogo da corte, que desvenda sua verdadeira identidade e expõe seu plano maligno.
Desmascarada, Tamamo-no-Mae foge para o deserto, usando suas habilidades para se esconder. Contudo, samurais são enviados para capturá-la. Após uma perseguição implacável, um dos guerreiros a atinge com uma flecha mortal.
Sua forma física morre, mas seu espírito maligno se transforma em uma rocha, transformando-se na terrível Sessho-seki. A lenda diz que quem tocar na pedra encontrará a morte.
Embora não haja evidências científicas de supostas habilidades malignas, sua localização perto de vulcões pode ter alimentado o mito. Ocasionalmente, gases tóxicos liberados na área podem ter causado mortes inexplicáveis ao longo dos séculos, segundo Yoshiko Okuyama, professora de estudos japoneses da Universidade do Havaí.
Desde que a pedra foi encontrada partida ao meio, teorias não param de surgir. Alguns interpretaram o evento como um mau presságio, citando a pandemia e a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Outros sugeriram que Tamamo-no-Mae poderia ter sido libertada para enfrentar Vladimir Putin e ajudar na busca pela paz.
“Se você está com vontade de levar isso negativamente, certamente pode, mas se quiser dar uma guinada positiva, talvez esse espírito de raposa nos ajude em nosso momento de necessidade”, disse Kapur ao veículo internacional.
Okuyama destaca que nos mitos japoneses mais antigos, as narrativas frequentemente retratavam espíritos femininos malignos como ameaças ao poder masculino. No entanto, em sua opinião, adaptações mais recentes em mangá e anime — nas quais a raposa de nove caudas é frequentemente vista — "não querem retratar as mulheres de maneira misógina" e muitas vezes ressignificam essas figuras mitológicas transformando-as em personagens complexas e, até mesmo, heróicas.