Estudo revelou material vegetal no estômago do dinossauro, fornecendo informações sobre sua dieta e a estação do ano de sua morte
Há 110 milhões de anos, durante o período Cretáceo, um dinossauro blindado caminhava por uma área devastada por incêndios florestais em Alberta, no Canadá, alimentando-se de samambaias verdes que brotavam das cinzas.
Pouco tempo depois, o animal morreu em um rio, foi arrastado para o mar e permaneceu submerso em sedimentos marinhos até ser encontrado em 2011 por um minerador de areias betuminosas.
Uma análise revelou material vegetal no estômago do dinossauro, fornecendo informações sobre sua dieta e a estação do ano de sua morte. O estudo, publicado em 2020 no Royal Society Open Science, também revelou pedaços de carvão que ele ingeriu, oferecendo uma visão inédita sobre seu último dia e o cenário em que viveu. Relembre!
"A preservação é tão boa que podemos realmente dizer algo sobre o conteúdo do estômago", afirmou o autor principal do estudo, Caleb Brown, em entrevista ao National Geographic em 2020.
"Isso pinta uma imagem muito vívida do ambiente pelo qual esse dinossauro teria passado. Você pode imaginar o evento específico que aconteceu na vida desse dinossauro, e achei isso realmente muito interessante”, acrescentou Victoria Arbour, curadora de dinossauros no Royal BC Museum, no Canadá.
Descoberto em 2011, o fóssil foi cuidadosamente escavado pelo Royal Tyrrell Museum, e a espécie, nomeada de Borealopelta markmitchelli, em homenagem a Mark Mitchell, que liderou o processo. O animal tinha cerca de 5,5 metros de comprimento e 1.134 kg.
Em 2017, os cientistas perceberam uma massa no estômago do dinossauro e, ao analisá-la, encontraram material vegetal fossilizado, o que revelou informações sobre a dieta do animal e o ambiente em que viveu. Para entender melhor as plantas ingeridas, pesquisadores buscaram a ajuda de especialistas em vida vegetal antiga.
Segundo os especialistas, encontrar conteúdo estomacal fossilizado é uma ocorrência rara, especialmente quando se trata de herbívoros. O material vegetal que se preserva em fósseis muitas vezes é diluído ou confundido com material de preenchimento, dificultando a análise.
A equipe de pesquisa analisou detalhadamente os fragmentos de fósseis vegetais encontrados no estômago do Borealopelta. Eles também revisaram fósseis de plantas do Cretáceo.
A reportagem do National Geographic explicou que o clima no norte do Canadá era mais quente e úmido, com florestas dominadas por coníferas e plantas como cicadeoides e samambaias. Ao comparar essas plantas com as encontradas no estômago do Borealopelta, a equipe concluiu que ele se alimentava principalmente de samambaias rasteiras, ignorando outras plantas.
Além disso, cerca de 6% do conteúdo do estômago continha pedaços de carvão, sugerindo que o dinossauro pastava em áreas atingidas por incêndios florestais. Análises dos anéis de crescimento das plantas também indicam que o Borealopelta se alimentou no meio da temporada de crescimento, entre o final da primavera e o início do verão.
As samambaias consumidas tinham esporângios maduros, indicando que o dinossauro morreu pouco tempo depois de sua última refeição. O fóssil confirma que dinossauros blindados comiam samambaias e outras plantas rasteiras e oferece um modelo para futuras pesquisas sobre conteúdo estomacal.