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Matérias / Paleontologia

A última refeição de um dinossauro 'blindado', há 110 milhões de anos

Estudo revelou material vegetal no estômago do dinossauro, fornecendo informações sobre sua dieta e a estação do ano de sua morte

Redação Publicado em 13/02/2025, às 20h00

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Representação do dinossauro e conteúdo encontrado em seu intestino - Royal Tyrrell Museum
Representação do dinossauro e conteúdo encontrado em seu intestino - Royal Tyrrell Museum

Há 110 milhões de anos, durante o período Cretáceo, um dinossauro blindado caminhava por uma área devastada por incêndios florestais em Alberta, no Canadá, alimentando-se de samambaias verdes que brotavam das cinzas.

Pouco tempo depois, o animal morreu em um rio, foi arrastado para o mar e permaneceu submerso em sedimentos marinhos até ser encontrado em 2011 por um minerador de areias betuminosas. 

Uma análise revelou material vegetal no estômago do dinossauro, fornecendo informações sobre sua dieta e a estação do ano de sua morte. O estudo, publicado em 2020 no Royal Society Open Science, também revelou pedaços de carvão que ele ingeriu, oferecendo uma visão inédita sobre seu último dia e o cenário em que viveu. Relembre!

 "A preservação é tão boa que podemos realmente dizer algo sobre o conteúdo do estômago", afirmou o autor principal do estudo, Caleb Brown, em entrevista ao National Geographic em 2020.  

"Isso pinta uma imagem muito vívida do ambiente pelo qual esse dinossauro teria passado. Você pode imaginar o evento específico que aconteceu na vida desse dinossauro, e achei isso realmente muito interessante”, acrescentou Victoria Arbour, curadora de dinossauros no Royal BC Museum, no Canadá.

dinossauro
Borealopelta markmitchelli / Crédito: Royal Tyrrell Museum.

Última refeição

Descoberto em 2011, o fóssil foi cuidadosamente escavado pelo Royal Tyrrell Museum, e a espécie, nomeada de Borealopelta markmitchelli, em homenagem a Mark Mitchell, que liderou o processo. O animal tinha cerca de 5,5 metros de comprimento e 1.134 kg.

Em 2017, os cientistas perceberam uma massa no estômago do dinossauro e, ao analisá-la, encontraram material vegetal fossilizado, o que revelou informações sobre a dieta do animal e o ambiente em que viveu. Para entender melhor as plantas ingeridas, pesquisadores buscaram a ajuda de especialistas em vida vegetal antiga.

Conteúdo intestinal do Borealopelta incluía pedras que o dinossauro ingeria para ajudar a decompor sua comida / Crédito: Museu Real Tyrrell de Paleontologia.
Cientistas incorporaram fragmentos do conteúdo intestinal em resina / Crédito: Museu Real Tyrrell de Paleontologia

Segundo os especialistas, encontrar conteúdo estomacal fossilizado é uma ocorrência rara, especialmente quando se trata de herbívoros. O material vegetal que se preserva em fósseis muitas vezes é diluído ou confundido com material de preenchimento, dificultando a análise. 

A equipe de pesquisa analisou detalhadamente os fragmentos de fósseis vegetais encontrados no estômago do Borealopelta. Eles também revisaram fósseis de plantas do Cretáceo. 

A reportagem do National Geographic explicou que o clima no norte do Canadá era mais quente e úmido, com florestas dominadas por coníferas e plantas como cicadeoides e samambaias. Ao comparar essas plantas com as encontradas no estômago do Borealopelta, a equipe concluiu que ele se alimentava principalmente de samambaias rasteiras, ignorando outras plantas.

Além disso, cerca de 6% do conteúdo do estômago continha pedaços de carvão, sugerindo que o dinossauro pastava em áreas atingidas por incêndios florestais. Análises dos anéis de crescimento das plantas também indicam que o Borealopelta se alimentou no meio da temporada de crescimento, entre o final da primavera e o início do verão. 

As samambaias consumidas tinham esporângios maduros, indicando que o dinossauro morreu pouco tempo depois de sua última refeição. O fóssil confirma que dinossauros blindados comiam samambaias e outras plantas rasteiras e oferece um modelo para futuras pesquisas sobre conteúdo estomacal.