Uma nova varredura em 3D nos destroços do RMS Titanic, que naufragou em 1912, revelou uma série de novos detalhes sobre o trágico acidente marítimo
Publicado em 10/04/2025, às 18h00
Na madrugada entre 14 e 15 de abril de 1912, aconteceu nas frias águas do Oceano Atlântico, a cerca de 600 quilômetros da costa do Canadá, o que ficaria marcado na história como uma das maiores tragédias marítimas do mundo: o naufrágio do RMS Titanic.
Na época, o Titanic foi divulgado como um navio "inafundável", e estava em sua viagem inaugural quando naufragou, ao atingir um iceberg. Nele, havia mais de 2.200 pessoas a bordo, das quais mais de 1.500 morreram.
Desde então, falar sobre o Titanic se tornou quase como recordar uma lenda, sendo uma das maiores referências de naufrágio que o mundo possui, e também tema de um dos filmes mais famosos já criados, 'Titanic', de 1997, dirigido por James Cameron.
Porém, aqueles que sobreviveram contaram diversas histórias sobre como foi aquela noite, e alguns fatos ficaram difusos e confusos com o decorrer do século. Por isso, até hoje muitas descobertas continuam sendo feitas, e os destroços do navio ainda são estudados.
Recentemente, uma nova pesquisa para a produção do documentário 'Titanic: The Digital Resurrection', da National Geographic e da Atlantic Productions, recriou uma digitalização em tamanho real dos destroços, revelando vários detalhes sobre aquela trágica madrugada que, até então, eram desconhecidos ou inconclusivos. Confira a seguir 5 descobertas feitas sobre o naufrágio após a nova varredura:
Um dos novos detalhes descobertos nos destroços é que uma vigia do Titanic aparentemente foi destruída com a colisão com o iceberg. Isso, por sua vez, corrobora com os relatos de várias testemunhas oculares de sobreviventes, que alegaram que o gelo chegou a entrar nas cabines das pessoas no momento da colisão, demonstrando a intensidade do impacto.
"O Titanic é a última testemunha ocular sobrevivente do desastre e ainda tem histórias para contar", disse o analista do Titanic, Parks Stephenson, ao Independent.
É como uma cena de crime: você precisa ver quais são as evidências, no contexto de onde elas estão. E ter uma visão abrangente de todo o local do naufrágio é fundamental para entender o que aconteceu aqui".
A simulação em 3D também mostra que, embora o navio tenha sofrido apenas um golpe superficial contra o iceberg, o impacto causou uma série de perfurações que rasgaram o casco em linha reta. Muito inclusive devido ao filme de James Cameron, pensava-se que aconteceu um único corte grande no casco.
Sobre como o navio afundou, o professor de arquitetura naval da Universidade de Newcastle, Simon Benson, explica ao Independent: "o problema é que esses pequenos buracos se estendem por uma grande extensão do navio, então a água da enchente entra lenta, mas seguramente, por todos eles, e então, eventualmente, os compartimentos transbordam e o Titanic afunda".
A nova varredura também confirmou que, enquanto o navio afundava, os funcionáriosseguiram trabalhando em prol de tentar salvar o máximo de pessoas possíveis. Essa descoberta foi possível depois que a simulação em 3D descobriu uma válvula aberta no convés da popa — o que sugere que o vapor ainda estava sendo direcionado ao sistema de geração de eletricidade.
Com isso, confirmaram-se os relatos de que muitos homens, liderados pelo engenheiro-chefe Joseph Bell, realizaram o gesto heroico de seguir em suas funções durante o desastre, para manter as luzes acesas e garantir a segurança das pessoas a bordo enquanto o Titanic afundava.
Durante anos, o primeiro-oficial do navio, William Murdoch, foi acusado de aceitar subornos e abandonar seu posto em meio ao caos do naufrágio, sendo inclusive retratado por James Cameron em seu filme atirando em um passageiro. No entanto, as novas varreduras o inocentaram do fardo de "vilão" durante o naufrágio.
Isso porque, através das imagens feitas dos destroços, foi possível observar que o "guindaste" do Titanic, que operava na estação de Murdoch, estava se preparando para lançar outro bote salva-vida, no momento em que o navio afundou. Dessa forma, conclui-se que ele não abandonou seu posto, e inclusive morreu tentando ajudar os passageiros a escapar.
Ainda hoje, os destroços do Titanic podem ser vistos e estudados — sendo, inclusive, uma expedição até ele que acarretou na tragédia de 2023 do submarino Titan —, porém, a varredura mostrou que os destroços estão se deteriorando rapidamente. Estima-se que, nos próximos 40 anos, já não tenha mais nada do navio restando debaixo d'água que possa ser analisado.
Vale acrescentar que, além da própria estrutura, o local do naufrágio também abriga vários pertences pessoais dos passageiros. Por isso, os especialistas acreditam que ainda deve demorar anos para analisarem completamente a nova réplica em 3D, que "só nos conta suas histórias aos poucos", segundo Stephenson.