Após anos no comando, o ditador Bashar Assad deixou a capital da Síria na madrugada deste domingo, 8; relembre a guerra civil
Uma série de movimentos estratégicos de uma coalizão de grupos opositores na Síria, encabeçada pela facção islâmica Hayat Tahrir al-Sham, reconfigurou o panorama da guerra civil que já dura 13 anos no país.
Relatos indicam que o presidente Bashar al-Assad abandonou a capital, Damasco, na madrugada deste domingo, em resposta à ofensiva dos insurgentes.
A campanha relâmpago das forças rebeldes, que resultou na tomada de várias cidades-chave em questão de dias, representa a mais significativa ameaça ao regime de Assad em anos.
A guerra civil iniciou-se durante a Primavera Árabe e se desenvolveu em um conflito complexo envolvendo diversas facções internas, extremistas e potências internacionais como os Estados Unidos, Rússia e Irã. O conflito já causou mais de 500 mil mortes e deslocou milhões de sírios.
Nos últimos dias, os rebeldes conquistaram vastas áreas do noroeste da Síria. Após a captura da cidade estratégica de Alepo, os insurgentes avançaram sobre Hama e Homs, chegando finalmente à capital.
O governo sírio, liderado por Bashar al-Assad desde 2000, enfrenta uma revolta interna iniciada como protestos pacíficos e reprimida com violência durante a Primavera Árabe. A família Assad pertence à minoria alauita, ligada ao Islã xiita, e tem governado a Síria desde 1970.
A força principal da oposição atual é o Hayat Tahrir al-Sham. Formado por dissidentes jihadistas inicialmente vinculados ao Estado Islâmico e à Al Qaeda, o grupo buscou distanciar-se dessas raízes ao unir-se a outras facções para formar uma organização maior.
Além disso, as forças curdas se estabeleceram como principais aliadas dos Estados Unidos no combate ao Estado Islâmico, consolidando controle no nordeste da Síria e enfrentando ameaças contínuas da Turquia devido a questões separatistas.
A presença estrangeira na Síria é marcada por interesses diversos. A Turquia tem conduzido intervenções militares contra forças curdas e apoia grupos opositores como o Exército Nacional Sírio. Recentemente, deu sinais de aprovação à ofensiva rebelde liderada pelo Hayat Tahrir al-Sham.
A Rússia tem sido um aliado consistente de Assad, mantendo bases militares estratégicas na Síria. Contudo, sua capacidade de suporte diminuiu devido ao envolvimento na Ucrânia. Por outro lado, o Irã tem reduzido sua presença militar na região em meio às dificuldades para sustentar o regime sírio.
Os Estados Unidos alteraram seu papel ao longo dos anos, inicialmente armando opositores contra Assad e depois focando no combate ao Estado Islâmico com apoio curdo. Israel também participa através de ataques direcionados contra alvos iranianos e do Hezbollah na Síria.
O conflito sírio começou com manifestações pacíficas que foram reprimidas violentamente pelo governo Assad, evoluindo para uma guerra civil que envolve múltiplos atores internos e externos com agendas próprias.
A recente movimentação das forças rebeldes representa uma possível reviravolta no desfecho dessa prolongada crise humanitária.