Na série Senna, da Netflix, os episódios mostram o piloto com um boné que divulga a marca 'Nacional'; entenda a história real
Sucesso entre os brasileiros que acessam o catálogo da plataforma de streaming Netflix, a série 'Senna' chama atenção de fãs e admiradores do piloto que virou herói nacional em tempos turbulentos do Brasil.
Misturando fato e ficção, a produção protagonizada pelo ator Gabriel Leone retrata os obstáculos, vitórias e derrotas do piloto nas pistas. Indo além, os assinantes da plataforma também mergulham na vida íntima de Ayrton, marcada por relacionamentos com Xuxa Meneghel e Adriane Galisteu.
"De prodígio a herói da Fórmula 1, Ayrton Senna era conhecido por sua postura contra injustiça no esporte. Mas o que realmente fez dele uma lenda?", detalha a sinopse da nova série.
Quem assiste aos episódios, nota o ator com um boné azul estampado em destaque com 'Nacional'. Assim, fica a dúvida: qual a história por trás do acessório?
O boné, de fato, foi utilizado pelo piloto na vida real e se tornou um dos símbolos do tricampeão de Fórmula 1. 30 anos após a morte de Ayrton, é possível encontrar réplicas do item em lojas que vendem falsificações.
O acessório se relaciona a história do extinto Banco Nacional, fundado em 1944 por José de Magalhães Pinto e Valdomiro de Magalhães Pinto, que eram irmãos.
Anos depois, em 1958, o Banco Nacional de Minas Gerais realizou uma significativa expansão ao incorporar o Banco Sotto Maior. Mais de uma década depois, em 1970, a instituição adquiriu o Banco da Grande São Paulo, anteriormente conhecido como Banco F. Munhoz.
Com essa estratégia ligeira, o banco mineiro consolidou sua presença ao nível nacional, alcançando a marca de 400 agências, um número notável.
Assim entra Ayrton Senna na história da instituição. A trajetória do banco ganhou destaque cultural em 1984, quando passou a patrocinar o piloto. Ayrton Senna, ícone do automobilismo brasileiro, tornou-se associado à marca.
"O boné Nacional foi inicialmente criado para ações publicitárias do extinto Banco Nacional. Ao longo dos anos, tornou-se um ícone associado à imagem de Ayrton Senna", explica o site oficial de Ayrton.
No entanto, após esse período marcado pelo sucesso, o Banco Nacional enfrentou desafios significativos no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. De acordo com o Banco Central, práticas contábeis fictícias foram adotadas na tentativa de mascarar problemas financeiros internos.
A situação culminou em 1995 com a intervenção do Banco Central na gestão do Nacional. Uma auditoria revelou a existência de mais de 600 contas fantasmas, cujos saldos superavam em cinco vezes o patrimônio líquido da instituição.
No ano seguinte, através do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), foi iniciado o processo de liquidação do banco. A instituição foi dividida em duas partes: a parte saudável foi adquirida pelo Unibanco. Já a parte problemática permaneceu sob controle da família Magalhães Pinto.
Segundo o sindicato dos bancários do Rio de Janeiro, o Banco Nacional acumulou uma dívida pública de R$ 20,659 bilhões oriunda dos recursos do Proer.
Em 1997, o Ministério Público Federal indiciou 33 indivíduos por fraudes administrativas relacionadas ao banco, incluindo Marcos Magalhães Pinto, controlador da instituição. Ele recebeu uma sentença de 28 anos de prisão; contudo, em 2011, a pena foi extinta.