De Prost a Schumacher: Senna viveu grandes rivalidade ao longo de sua carreira no automobilismo; recorde algumas delas!
A rivalidade entre Ayrton Senna e o francês Alain Prost é considerada uma das mais ferozes da Fórmula 1 até hoje. Companheiros de equipe entre 1988 e 1989, Senna e Prost viveram uma verdadeira Guerra Fria nos bastidores da McLaren.
Detalhes das disputas entre eles são um dos temas de 'Senna', minissérie da Netflix que estreou na última sexta-feira, 29. Na ficção os pilotos são vividos, respectivamente, pelo brasileiro Gabriel Leone e pelo francês Matt Mella.
Embora a rivalidade Senna-Prosttenha sido uma das mais emblemáticas da carreira do ídolo brasileiro, não foi a única. Relembre 5 pilotos com quem Senna teve desavenças!
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Seja no futebol, vôlei, basquete e até 'arremesso de bolinha de papel', brasileiros e argentinos nutrem entre si uma rivalidade quase que natural. E, no automobilismo, as coisas não poderiam ser diferentes.
Antes da Fórmula Um, Senna teve uma relação tensa com o hermano Enrique 'Quique' Mansilla que, assim como ele, deixou seu país natal para se aventura na Inglaterra pela Formula Ford 1600.
O ápice entre os dois aconteceu no Circuito de Mallory Park, quando os pilotos se chocaram e tiveram que abandonar a corrida. Conforme resgata o Globo Esporte, não foi apenas os veículos que se bateram, afinal, o desentendimento entre eles acabou em vias de fato.
Sennaestreou na Fórmula Um em 1984, quando Nelson Piquet já era bicampeão mundial da categoria, em 1981 e 1983 — ele ainda conquistou seu terceiro título quatro anos depois, em 1987.
Nessa época, Ayrton chegou a visitar Piquet na garagem, em busca de dicas. O compatriota, porém, não retribuiu; o que chateou Senna. Logo depois, os dois começaram a trocar farpas.
Ao longo dos anos, Nelson Piquetesteve envolvido em uma série de polêmicas, como quando já fez piadas com a morte de Senna, comentários homofóbicos abordando a sexualidade do piloto, além das desavenças e batidas dentro das pistas.
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Em dezembro de 1986, Senna foi entrevistado no programa Roda Viva, da TV Cultura, e mencionou possuir suas próprias "restrições" quanto a Nelson Piquet, revelando que teve um relacionamento muito estrito com ele, e que "também não foi dos melhores".
Olha, eu diria que a gente, talvez, tenha apenas uma coisa em comum: que é ser piloto de Fórmula 1 e gostar de automobilismo. Fora isso, eu acho que nós temos ideias, criação e educação totalmente diferentes. Então a gente diverge no resto. Mas como piloto eu o respeito muito e como pessoa eu tenho as minhas restrições", explicou.
Como já dito, Senna estreou na Fórmula Um em 1984, pilotando pela Toleman. No ano seguinte, ingressou na Lotus, ocupando o lugar que pertencia ao britânico Nigel Mansell — que acabou indo para a Willians.
O 'Leão', como Mansell ficou conhecido, travou épicas batalhas nas pistas contra o brasileiro — em algumas ocasiões, o perseguindo no paddock para uma discussão mais acalorada.
Em 1992, Mansell se tornou campeão da F1. Em entrevista ao podcast Beyond The Grid, ele relembrou quando dividiu o pódio com Ayrton no GP da Hungria — onde ele se sagrou campeão, apesar da vitória de Senna.
"Quando eu ganhei o título na Hungria, ele estava no degrau mais alto do pódio. Foi quando ele se virou para mim e disse: 'Entende o quão bom é esse sentimento agora, não é? Agora você sabe o quão desgraçado eu sou, porque essa é a melhor sensação do mundo'".
Um ano antes, Senna havia se tornado tricampeão da categoria. Na temporada, Mansell venceu o GP da Inglaterra e acabou oferecendo uma carona ao brasileiro. Senna havia quebrado na prova e foi levado na 'garupa' da Williams até os boxes. O episódio tornou a relação entre eles mais amistosa.
Senna e Prost formaram uma das maiores rivalidade não só da Fórmula Um, como também da história do esporte. Os dois foram companheiros de McLaren entre 1988 e 1989. O brasileiro, aliás, chegou à escuderia após indicação do francês.
As fagulhas entre eles surgiu justamente depois do GP San Marino, conforme explica o jornalista Livio Oricchio em entrevista ao podcast do SportBuzz, parceiro da Aventuras na História.
A relação entre eles [Senna e Prost] foi tensa e se tornou em um clima de guerra depois do Grande Prêmio de San Marino, em 1989. Quando eles começaram a segunda temporada juntos, havia um acordo entre eles: um não poderia ultrapassar o outro na primeira volta", contextualiza.
Oricchio, entretanto, recorda que Ayrton largou atrás de Alain e, quando os dois pilotos se aproximaram da tosa (nome dado a uma curva do circuito), o piloto brasileiro passou seu colega de equipe.
"Depois da corrida, nós conversamos com ele e o Ayrton disse: 'Eu não posso ficar atrás de um cara que é muito lento'. E o Prost ficou desconcertado, porque o acordo não foi cumprido", recordou o jornalista. "Então, o clima de guerra começou".
Já na penúltima prova do ano, em Suzuka, no Japão, uma batida tirou os dois carros da pista. Prost abandonou, mas Senna conseguiu retornar e venceu a prova. No entanto, acabou sendo desclassificado pela direção — a punição culminou com o tricampeonato do francês. Um ano depois, na mesma prova, um acidente se repetiu logo na primeira curva. Ambos abandonara e Sennaficou com o título mundial.
Prost se aposentou em 1993 e passou a ficar muito mais próximo de Ayrton. No fatídico final de semana de seu falecimento, o documentário 'Últimos Dias de um Ícone - Ayrton Senna' recorda um momento de afeto entre ele.
Com uma câmera on board, Ayrton deu uma volta pelo circuito e deixou um recado para o francês: "Para começar, gostaria de mandar um bom dia em particular para meu amigo Alain [Prost]. Sentimos sua falta, Alain".
Após a morte de Ayrton, a família de Senna o convidou para carregar o caixão do ídolo brasileiro em seu velório. "Ayrton e eu temos um vínculo. Sua morte foi o final da minha história com a Fórmula 1. Ninguém pode falar de Ayrton sem mencionar meu nome, e ninguém pode falar de mim sem mencionar o dele", disse Prost, anos depois, ao El País.
Embora seja verdade que as disputas entre Ayrton Senna e o alemão Michael Schumacher tenham sido interrompidas pela trágica morte do brasileiro, marcaram os dois últimos anos de Senna na Fórmula Um.
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Em 1994, inclusive, Schumacher já se mostrava um adversário a altura pela disputa do título daquele ano. Enquanto Senna não havia pontuado, após abandonar as duas primeiras corridas, Michael havia conquistado duas vitórias.
Na terceira prova, no GP de San Marino, Senna sofreu o trágico acidente que levou sua vida. Schumacher também venceu essa corrida e, no final do ano, conquistou o primeiro entre seus sete títulos mundiais.
Anos antes, em 1992, durante o Grande Prêmio da França, um toque do alemão acabou tirando Senna da prova. No paddock, Senna foi cobrar o alemão, dizendo que na próxima oportunidade, seria ele quem 'jogaria o carro primeiro'.
Gabriel Leone
Xuxa, Adriane Galisteu, Galvão Bueno e Nelson Piquet
A série possui seis episódios e mergulha na trajetória pública e pessoal do piloto Ayrton Senna, abordando como ele se tornou um ícone do automobilismo.