Em junho, várias partes do mundo celebram o mês do orgulho LGBTQIAP+; veja 5 personalidades LGBT que mudaram o mundo ao longo da história!
Publicado em 22/06/2025, às 12h00
Neste mês de junho, vários lugares do mundo celebram o mês do orgulho LGBTQIAP+, um mês temático em que é dada atenção especial às emancipação e aceitação daqueles que, ao longo de séculos, sofreram grande preconceito e pressão social por quem realmente eram.
Um dos eventos mais importantes que ocorre neste mês em vários países é a parada do orgulho, que, no Brasil, acontece neste domingo, 22. Essa data é escolhida sempre no domingo seguinte ao feriado Corpus Christi, e uma das maiores do Brasil ocorre anualmente em São Paulo, na Avenida Paulista.
Nesta temática, confira a seguir 5 importantes personalidades LGBT que foram extremamente influentes e mudaram o Brasil e o mundo:
Nascida em 24 de agosto de 1945, Marsha P. Johnson é uma ativista negra e trans considerada um dos maiores nomes da Revolução de Stonewall, uma rebelião que ocorreu em Nova York, em junho de 1969, que começou como uma resposta violenta à invasão policial no bar Stonewall Inn, um espaço de socialização para a comunidade LGBT da época, e marcou o início de um movimento organizado por direitos civis para a comunidade LGBT.
Um dos maiores símbolos da luta e resistência LGBT dos Estados Unidos, ela é considerada pioneira nesta luta, inspirando milhares de pessoas ao redor do mundo.
Considerado o pai da ciência da computação moderna, Alan Turing foi uma figura crucial para os Aliados durante a Segunda Guerra Mundial, sendo ele um dos principais responsáveis por decifrar códigos nazistas, quando trabalhava na Escola de Códigos e Cifras do Governo em Bletchley Park. Ainda hoje, suas pesquisas são importantes para moldar as bases dos estudos de inteligência artificial.
Porém, mesmo com um legado incontestável, posteriormente Turing foi perseguido por ser gay, o que era considerado um crime de "indecência pesada" em sua época, no Reino Unido.
Por isso, ele foi banido do Government Communications Headquarters (GCHQ) — o serviço de inteligência britânico encarregado da segurança e da espionagem e contraespionagem nas comunicações — e dos Estados Unidos, e ainda forçado a escolher ser preso ou se submeter a uma castração química.
No fim, Turing não aceitou a prisão, e apenas dois anos após sua condenação acabou cometendo suicídio, no dia 7 de junho de 1954, aos 41 anos.
Mais conhecido como Madame Satã, João Francisco dos Santos foi um transformista brasileiro e uma das personagens mais representativas da vida noturna e marginal da Lapa carioca, na primeira metade do século 20.
Sendo de origem pobre, cometeu vários pequenos delitos ainda durante a adolescência, e em 1971 chegou a dizer em entrevista ao jornal O Pasquim que costumava brigar com militares por não aceitar o tratamento que eles tinham com pessoas negras, pobres e homossexuais — como ele mesmo era.
Ao longo de sua vida, chegou a trabalhar como segurança, garçom, cozinheiro em casas noturnas e até capoeirista nas horas vagas; porém, foi no teatro que se encontrou. Em 1938, passou a ser elogiado e premiado pela fantasia que montou no bloco de rua 'Caçador de Veados', com sua vestimenta nomeada Madame Satã — apelido que carregaria pelo resto de sua vida.
Como artista teatral, Madame Satã passou a fazer imitações de Carmem Miranda e apresentações como transformista, consagrando-se como um dos símbolos nacionais da cultura drag.
Embora seja assumidamente homossexual, a mescla de sua personalidade viril masculina com os traços repletos de brilho estabeleceram uma figura influente. Infelizmente, morreu em abril de 1976, aos 76 anos, devido a um câncer.
Outra figura importante para o movimento LGBT no Brasil foi o psicólogo e escritor João W. Nery, o primeiro homem trans a realizar a cirurgia de redesignação sexual no Brasil, em 1977. Nascido como Joana, ele atuava como professor universitário no Rio de Janeiro, mas enfrentou todas as dificuldades de sua época para se tornar quem realmente queria ser ao realizar a cirurgia, aos 27 anos.
"Ao assumir uma nova identidade, tive de negar todo o meu currículo acadêmico. Parei de dar aulas de psicologia na universidade e de atender no consultório. Passei décadas com medo de ser punido por tentar ser quem eu sou", relatou ele, anos mais tarde, à revista Claudia. Vale destacar que, mesmo décadas após a transição, a transexualidade ainda era pouco debatida na sociedade brasileira, de forma que o preconceito e transfobia que ele sofreu ao longo de sua vida não foi pouco.
Seu pioneirismo na causa trans só foi revelado ao mundo em 2011, após o lançamento de seu livro 'Viagem solitária', que o colocou de vez na militância. Com isso, João Nery se tornou em uma das figuras mais importantes para a comunidade em todo o país, e inclusive deu nome a um projeto de lei que foi aprovado em 2018, que garante o direito de retificação de registros civis. O psicólogo morreu no dia 27 de outubro de 2018, aos 68 anos, devido a um câncer.
Nascida Ray Rivera em 2 de julho de 1951, em Nova York, sendo filha de pai porto-riquenho e mãe venezuelana, Sylvia Rivera teve uma vida marcada por duras batalhas. Seu pai a abandonou e, com apenas três anos, ficou órfã após sua mãe cometer suicídio, sendo assim criada pela avó. Desde pequena, ela era fascinada por maquiagens e roupas femininas, e por isso era constantemente espancada, o que a forçou a fugir de casa com apenas 11 anos.
Nas ruas de Nova York, acabou sendo levada à prostituição, mas sua vida teve uma grande virada quando, em 1963, conheceu Marsha P. Johnson, que passou a ver praticamente como uma mãe. E, juntas, elas foram peças centrais durante a Revolta de Stonewall.
No entanto, um fato que nem todos sabem é que, durante as primeiras paradas do Orgulho LGBT, muitas pessoas ainda não aceitavam a participação de transexuais. Ainda assim, em 1973 ela marcou o movimento quando pegou o microfone e discursou à multidão: "Se não fosse pelas drag queen, não haveria movimento de libertação gay. Somos a linha de frente" — o que a levou a ser hostilizada.
Sylvia Rivera faleceu no dia 19 de fevereiro de 2002, aos 50 anos, em decorrência de um câncer no fígado. Mas, certamente, seu legado permanece vivo — e, vale mencionar, há um monumento em Nova York em sua homenagem.