Em destaque na plataforma de streaming Netflix, O Trem Italiano da Felicidade conta uma história emocionante pós-Segunda Guerra
Em destaque no catálogo da plataforma de streaming Netflix, o filme "O Trem Italiano da Felicidade" emociona os assinantes com uma história baseada num doloroso momento histórico da Itália.
A narrativa do longa-metragem se concentra em Amerigo, um menino que vive em Nápoles com sua mãe, Antonietta. A família enfrenta dificuldades financeiras, realizando pequenos trabalhos para garantir a sobrevivência após a Segunda Guerra. A população lida com obstáculos, como pouca comida e recursos limitados.
Em um determinado dia, Amerigo e as crianças do bairro descobrem que um trem levará alguns deles para passar o inverno com famílias no norte da Itália, onde a oferta de alimentos é abundante.
Com etiquetas de identificação fixadas em suas roupas, os jovens embarcam em uma jornada separada de seus pais. Ao ser acolhido por sua nova família adotiva, Amerigo é apresentado a um novo mundo repleto de oportunidades.
O filme se baseia no romance "O Trem das Crianças" ("Crianças da guerra: A história sobre o trem italiano da felicidade", no Brasil), da autora Viola Ardone. Embora fictício, a obra explora um período pouco conhecido da história italiana, apresentando uma visão intrigante da Itália após a Segunda Guerra Mundial sob a perspectiva de um garoto.
Com o fim devastador da Segunda Guerra Mundial, a União das Mulheres Italianas, organização feminina que tinha ligação com o Partido Comunista Italiano, montou associações e comitês humanitários com o intuito de salvar esses jovens da fome e da pobreza da época. Essas famílias, embora não fossem ricas, tinham melhores condições.
“As primeiras crianças resgatadas em trens especiais, reservados para elas pela Rede Ferroviária Nacional, partiram de uma cidade do norte, Milão. A iniciativa foi um sucesso: as crianças voltaram para suas casas depois de seis meses em condições muito melhores do que antes. Por isso, a mesma possibilidade foi dada também a crianças de outras cidades italianas, em particular do Sul, que foi (e ainda é) mais pobre. No final, 70 mil saíram (e voltaram para casa). Um número incrível, se pensarmos no estado da malha ferroviária da época”, explicou a escritora em entrevista à Aventuras na História em 2021.
O primeiro trem partiu da estação central de Roma em 19 de janeiro de 1946, transportando aproximadamente 1500 crianças. Trens posteriores partiram de Cassino, Nápoles e Sicília.
“As crianças foram acolhidas por famílias do centro da Itália que as acolheram em sua casa como se fossem filhos. Davam-lhes roupas, comida, sapatos, mandavam para a escola e faziam com que estudassem, brincassem ao ar livre, em condições saudáveis. Não eram famílias ricas, mas sim muito generosas”, continuou a autora.
Cerca de 70 mil crianças foram transferidas nos primeiros anos após o fim da guerra, explica o New York Post, no entanto, os chamados "trens da felicidade" acabaram sumindo da memória coletiva.
Esse esquecimento, inclusive, levou muitos a acreditarem que a história dos trens foi inventada pela autora, que conversou com famílias que viveram o drama da época.
"Descobri que essa história é lembrada apenas por aqueles que a viveram. Muitas pessoas, lendo o livro, pensaram que era uma história de minha invenção. É estranho porque foi uma iniciativa que envolveu muitas famílias, e ainda assim a memória foi praticamente perdida", continuou Ardone ao New York Post.
O tema também inspirou Giovanni Rinaldi, que usou a história como inspiração para "I treni della felicità. Storie di bambini in viaggio tra due Italie" ("Os trens da felicidade. Histórias de crianças viajando entre duas Itálias"). Em entrevista de 2014 ao site Barinedita, ele informou o destino das crianças.
"A grande maioria voltou para casa. Muitos, porém, continuaram a manter relações com as famílias anfitriãs, através de cartas e depois de anos regressaram aos locais onde foram acolhidos. Após a publicação do livro, várias pessoas me procuraram em busca de ajuda: queriam encontrar as famílias que cuidavam deles e com quem haviam perdido contato", destacou o autor.
O filme "O Trem Italiano da Felicidade" já pode ser assistido no catálogo da plataforma de streaming Netflix.
