No ano de 1928, Giuseppe Pistone em surto violento matou a jovem esposa sufocada — e tentou despachar o corpo para outro país
Os crimes hediondos e cruéis são infelizmente, acontecimentos recorrentes na história do Brasil, várias tragédias já pararam o país com uma imensa comoção social e cobertura assídua da imprensa, casos como o de Suzane Von Richthofen, Isabella Nardoni e muitos outros. Todavia, o primeiro crime que causou grande abalo na sociedade paulistana e brasileira ocorreu em 1928. A vítima foi Maria Féa em um episódio trágico que ficou conhecido como o crime da mala.
Os caminhos de Giuseppe Pistone e de Maria Féa se cruzaram em 1925 quando os dois embarcaram em um navio que saiu da Itália tendo a Argentina como destino. Ele com 31 anos, e Maria com 20, começaram a namorar e se casaram em fevereiro de 1928, quando tomaram a decisão de se mudar para o Brasil.
O casal de imigrantes morava na capital paulista, onde Giuseppe trabalhava na casa de salames e vinhos de seu primo, Franceso Pistone. O homem ofereceu uma proposta de sociedade para Giuseppe, que não tinha dinheiro suficiente para realizá-la.
Pistone então decidiu pedir ajuda financeira para sua mãe, Marcelina Baeri, que residia na Itália. O pedido foi feito através de um telegrama e ele desejava uma parte da herança deixada por seu pai no valor de 150 contos de réis. Sua mãe negou à solicitação do filho, que não se deu por satisfeito e decidiu entrar na sociedade mesmo assim, planejando extorquir seu primo futuramente.
Maria Féa reparou tal confusão e decidiu contar a verdade para Marcelina, escrevendo uma carta para a sogra e revelando o que Pistone pretendia fazer. O telegrama nunca chegou a ser entregue: na manhã de 4 de outubro de 1928, Giuseppe descobriu a correspondência.
O crime brutal
O episódio gerou uma discussão violenta entre o casal. Pistone estava possesso e sufocou a mulher com um travesseiro. A jovem então com 22 anos, não resistiu às agressões e morreu.
Desesperado e sem saber o que fazer com o corpo da própria esposa, o criminoso dediciu agir de maneira ainda mais torpe. O homem colocou o corpo de sua mulher morta dentro de uma mala. Para que coubesse na bagagem, ele separou e cortou os joelhos da mulher com uma navalha, além de quebrar o pescoço de Maria.
Para se livrar da mala, Pistone usou um endereço e nome falso, remetendo a bagagem para Francesco Ferrero, em Bordeaux, na França. O homem decidiu despachar a mala através do mesmo meio de transporte onde ele e Féa se conheceram, um navio.
No dia 7 de outubro de 1928 a mala foi içada a bordo do navio Massilia, atracado no Porto de Santos. Contudo, devido ao peso e aos impactos sofridos, o objeto se rompeu, revelando um mau cheiro forte. Como consequência, os operadores do navio decidiram abrir a bagagem, descobrindo o cadáver de Maria Féa, ainda não identificada.
Além do corpo, a mala continha algumas roupas da vítima, como meias camisolas, saias, um chapéu e algumas almofadas, além da própria navalha usada por Giuseppe para cometer o crime. A brutalidade da ação de Pistone foi ainda maior quando a autópsia revelou que a mulher estava grávida de seis meses.
A resolução
A essa altura a mídia já estava noticiando o caso em todo o país, fazendo com que a investigação acontecesse de maneira mais rápida - quando a polícia chegou ao nome de Giuseppe Pistone. De imediato, o homem alegou que só havia discutido com a esposa, e que ela teria morrido de mal súbito. Todavia, a autópsia revelou que a causa da morte foi por sufocamento. Giuseppe então começou a sustentar a versão de que Maria teria o traído.
Em 1931, quase três anos após o crime, Pistone foi condenado a 31 anos de prisão. Entretanto, beneficiado por um decreto do então presidente Getúlio Vargas em 1944, ele teve a pena reduzida e em 1948 foi solto. Depois disso, o homem levou uma vida normal no interior de São Paulo, na cidade de Taubaté, inclusive chegou a se casar novamente, falecendo em 1956, aos 62 anos.
Divulgação do caso na Imprensa e comoção social
O crime da mala foi o primeiro grande caso criminal na história do Brasil, a tragédia fez com que Maria Féa fosse considerada uma santa popular. Para se ter ideia, seu túmulo na cidade de Santos é visitado até hoje.
O crime inspirou produções audiovisuais nacionais, o filme O Crime da Mala dirigido por Francisco Madrigano, lançado no mesmo ano do assassinato. Além do episódio no programa da Rede Globo, Linha Direta, em 2005, com Ana Paula Tabalipa no papel de Maria Féa e Gabriel Braga Nunes no papel de Giuseppe Pistone.
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