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Matérias / Vulcão

Mortes e graves queimaduras: O vulcão que entrou em erupção durante visita de turistas

Em 2019, vinte e duas pessoas morreram na Nova Zelândia por estarem no lugar errado na hora errada: um vulcão ativo

Ingredi Brunato Publicado em 01/11/2023, às 18h30

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Imagem do documentário 'Vulcão Whakaari: Resgate na Nova Zelândia' - Divulgação/Netflix
Imagem do documentário 'Vulcão Whakaari: Resgate na Nova Zelândia' - Divulgação/Netflix

Nesta semana, um tribunal da Nova Zelândia considerou a empresa Whakaari Management Limited (WML) culpada de uma série de acusações em conexão com a erupção do Whakaari, em 2019. 

Criada pelos três irmãos, que administravam o acesso à ilha onde está o vulcão ativo, a companhia se declarava inocente desde o início do julgamento, negando responsabilidade em relação às mortes dos visitantes do local.

A Justiça neozelandesa, no entanto, decidiu que o fato de terem permitido o acesso ao território para a realização de expedições turísticas, durante períodos de risco de erupção, constituiu uma violação de leis de segurança e saúde pública do país. Ou, nas palavras do juiz Evangelos Thomas, "uma grande falha", conforme repercutiu o G1. Confira abaixo como ocorreu o desastre há quatro anos.

Fotografia do vulcão em 2020 /Crédito: Getty Images

Desastre 

Em dezembro de 2019, uma expedição turística ao vulcão Ilha Branca, também conhecido Whakaari, terminou em tragédia quando a formação geológica entrou em erupção, surpreendendo os 47 turistas presentes no local. 

Uma nuvem de cinzas e vapor em altas temperaturas foi cuspida pela cratera vulcânica, tomando o céu do vulcão. 22 visitantes morreram em decorrência de queimaduras e inalação de fumaça. Os outros 25 sobreviveram, mas não sem ficarem feridos. Muitos gravemente. Abaixo, é possível ver um vídeo feito por um dos turistas que saiu do local a tempo: 

Na época, um casal de brasileiros, que reside na Austrália, sobreviveu a tragédia, e compartilhou o terror vivido no momento em que o vulcão entrou em erupção. 

"A coisa mais louca da nossa vida acaba de acontecer. A gente passeou no vulcão uma hora e pouco. Dez minutos depois que a gente deixou (o local) e entrou no barco, o vulcão entrou em erupção", escreveu Aline Moura, em 2019, no seu perfil do Instagram.

Aline, que estava acompanhada de Allessandro Kauffmann, se encontrava apenas no primeiro dia da viagem. Após a tragédia, o barco no qual se encontravam rodeou a ilha em busca de sobreviventes. A operação durou quase uma hora. 

Todo mundo estava machucado por causa do ar, da água quente. Tava todo mundo com queimaduras, alguns muito graves, outros nem tanto. E não sei ainda se resgataram todas as pessoas", destacou ela na época.

Nos dois meses anteriores ao episódio devastador, é importante mencionar que pesquisadores da GNS Science, um instituto de pesquisa neozelandês, detectaram sinais indicativos de que uma erupção poderia acontecer — como um aumento na quantidade de vapor, lama e dióxido de enxofre que eram expelidos pela cratera do Whakaari. 

Como resultado, o vulcão estava em Alerta Nível 2. Apesar disso, as expedições turísticas diárias à Ilha Branca continuaram normalmente. A empresa por trás de sua organização, a White Island Tours, chegou a abordar a situação no site: 

"Whakaari está atualmente em Alerta Nível 2. Este nível indica agitação vulcânica moderada a elevada, existe o potencial para riscos de erupção. A White Island Tours opera com vários níveis de alerta, mas os passageiros devem estar cientes de que sempre existe o risco de atividade eruptiva, independentemente do nível de alerta. A White Island Tours segue um plano de segurança abrangente que determina as nossas atividades na ilha aos vários níveis", afirmou a companhia no comunicado, conforme repercutiu o Esquire. 

Processos

A companhia turística, vale apontar, também foi indiciada por conta do episódio, tal como ocorreu com a sua contratante, Whakaari Management Limited (WML), recentemente condenada.

A WLM, aliás, foi a última das treze partes processadas criminalmente em conexão com a tragédia. Apenas seis dessas se declararam culpadas, enquanto todas as outras alegaram inocência, de forma que o governo da Nova Zelândia precisou dar início a uma série de julgamentos

Segundo informações do The Guardian, os turistas que visitaram o vulcão Ilha Branca não foram informados pelos guias de que corriam qualquer perigo por estarem ali. 

Ao mesmo tempo, não receberam equipamentos de segurança adequados. Apenas a oferta opcional de máquinas de oxigênio, a fim de que pudessem respirar melhor em meio ao dióxido de enxofre liberado nas proximidades da cratera. 

Memorial às vítimas / Crédito: Getty Images 

As consequências dessa negligência por parte dos responsáveis pela administração do turismo no Whakaari foram, infelizmente, mortais. Agora, a WLM aguarda sua sentença, que pode ser uma multa de até 928 mil dólares, ou o equivalente a 4,6 milhões de reais na cotação atual. 

A tragédia foi relembrada no ano passado pela plataforma de streaming Netflix através do documentário 'Vulcão Whakaari: Resgate na Nova Zelândia'. Além de relatos de sobreviventes e familiares de vítimas, o documentário também conta com imagens e vídeos do momento em que o vulcão entrou em erupção.