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Matérias / Brasil

Mortos e decapitados: o inesperado fim de Lampião e seus cangaceiros

O grupo ficou conhecido pela oposição ao movimento dos coronéis no Brasil e, até hoje, desperta curiosidade

Nicoli Raveli Publicado em 11/03/2020, às 19h00

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Os cangaceiros Lampião, Maria Bonita e seus seguidores - Domínio Público
Os cangaceiros Lampião, Maria Bonita e seus seguidores - Domínio Público

No final do século 19 existiram alguns grupos que se colocavam contra o movimento dos coronéis no Brasil. Conhecido como cangaço, o grupo lutava para erradicar a ditadura, já que o nordeste enfrentava disputas violentas no território e a miséria predominava.

O governador do sertão, também conhecido como rei do cangaço, nasceu em 1897. Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, foi o segundo filho de José Ferreira da Silva e Maria Selana da Purificação. Naquele tempo, os coronéis, que eram proprietários de terras, governavam juntamente ao Estado, ou seja, eles escolhiam quem iriam eleger, condenar, torturar e, até mesmo, matar.

A família de Virgulino sempre foi simples e ele ajudava os pais com o plantio na roça e na criação de gado. Aos 19 anos, entrou para o cangaço. Sua trajetória começou quando seu pai foi assassinado devido a uma disputava por terras vizinhas.

Em uma das primeiras reuniões do bando, Antônio, um dos irmãos Ferreira, ficou impressionado com o poder do rifle de Virgulino. A arma, que era uma novidade na época, disparava balas de forma rápida e era comparada a uma tocha acesa.

Com a intermediação do Padre Cícero, o homem realizou seu maior sonho e adquiriu a patente de capitão do batalhão do deputado Floro Bartholomeu. O título, além de alimentar sua vaidade, permitia que o cangaceiro e o bando circulassem nas divisas dos estados do nordeste.

Lampião, o Rei do Cangaço / Crédito: Domínio Público

Aproveitando o momento de ascensão, o cangaceiro solicitou o cargo de tenente para o irmão e para Sabino Barbosa de Melo. Com isso, os membros passaram a usar roupas costumeiras e começaram a defender a legalidade e proteger a população do estado.

Primeiramente, eles receberam a missão de combater a Coluna Prestes que era liderada por Luís Carlos Prestes e outros comunistas. Entretanto, após se distanciar da tarefa, os membros não cumpriram com o prometido.

Lampião passou a ser temido por onde passava, porém, usava a violência apenas contra os opositores. Ele costumava ajudar os pobres com o dinheiro que roubava dos ricos e, em determinada ocasião, foi a um sítio com seus seguidores e pediu a proprietária que fizesse um jantar para todos.

Em 1929, Maria Gomes de Oliveira, conhecida como Maria Bonita, começou a namorar Lampião e decidiu que se juntaria ao grupo, tornando-se a primeira mulher cangaceira. Apesar das mulheres do grupo receberem proteção dos homens, a vida delas era desconfortável e sofrida e, caso não tivessem uma grande resistência física, não conseguiriam sobreviver.

Após acompanhar o parceiro em suas missões, Maria engravidou, mas perdeu o feto em poucas semanas. Contudo, em 1932, ela deu à luz no meio da caatinga a uma menina que, mais tarde, foi chamada de Expedita.

Em 1938, o bando acampou em uma fazenda no sertão de Sergipe, local que servia como esconderijo para eles. Na madrugada do dia seguinte, a Volante, principal grupo inimigo dos cangaceiros, chegou ao local se deparou com Lampião e seus seguidores.

Bando de Virgínio Fortunato da Silva em 1936 / Crédito: Wikimedia Commons

Os policiais usaram metralhadoras portáteis e o grupo não teve tempo de se defender. O ataque, que durou cerca de 20 minutos, deixou o líder e Maria Bonita gravemente feridos. Ainda assim, a mulher rastejou até o companheiro e pediu a autoridade que ele fosse poupado, mas a tentativa foi inútil. Ela acabou morta junto a Lampião e os outros membros.

Assim como todos, Maria foi decapitada e o corpo foi colocado em posições bizarras para a diversão da Volante. Com tamanha euforia, os soldados saquearam e mutilaram os corpos dos mortos. Eles também colocaram as cabeças cortadas e em latas de querosene como troféus da vitória. 

Mais tarde, a cabeça de todos passou por um processo de mumificação e foram expostas no Museu Nina Rodrigues, na Bahia, até 1968. O grupo contava com 34 pessoas, mas apenas 11 conseguiram fugir. Entre elas, o homem conhecido como o Diabo Louro não foi pego. Como vingança, ele decidiu atacar diversas cidades localizadas no vale do São Francisco em 1940 e foi morto no mesmo ano.


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