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Matérias / Animais

O que causou a extinção das preguiças-gigantes do Brasil?

Antes mesmo da Era do Gelo, o atual território do Brasil era habitado por impressionantes e curiosas preguiças-gigantes; veja!

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 22/01/2025, às 19h00 - Atualizado às 21h22

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Ilustração representando uma preguiça-gigante - Ilustração de Rodolfo Nogueira
Ilustração representando uma preguiça-gigante - Ilustração de Rodolfo Nogueira

O Brasil é conhecido no mundo por vários fatores como o samba, o futebol, o Carnaval, as praias... Uma das riquezas brasileiras que nem todos lembram, mas certamente é uma das principais, é a nossa fauna. Somos o lar de inúmeras espécies, muitas que só existem aqui.

E, essa diversidade da biofauna não é uma característica exclusiva dos tempos modernos. Há mais de 10 mil anos, antes mesmo da Era do Gelo, existiram membros da chamada "megafauna".

Entre os membros mais notórios da megafauna dessa parte do planeta, estavam os gliptodontes (antepassados do tatu), os mastodontes (ancestrais dos elefantes), os toxodontes (antepassados dos rinocerontes), todos pesando toneladas e com vários metros de comprimento.

Ilustração representando um gliptodonte / Crédito: Ilustração por Pavel.Riha.CB pelo Wikimedia Commons
Ilustração representando um mastodonte / Crédito: Ilustração por Heinrich Harder pelo Wikimedia Commons
Ilustração representando um toxodonte / Crédito: Ilustração por Sergiodlarosa pelo Wikimedia Commons

Outra espécie que merece menção honrosa são as preguiças-gigantes. Confira a seguir mais detalhes sobre estes enormes mamíferos que aqui viveram:

Diferenças

Os bichos-preguiça são mamíferos arborícolas — ou seja, que vivem em árvores — que podem ser encontrados em florestas tropicais pela América Central e América do Sul, com destaque, no Brasil, à Mata Atlântica, em especial na Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro, e na região amazônica.

Elas também são lembradas por serem lentas e, por isso, quando descem ao chão, correm sérios riscos de vida, seja pela predação humana quanto por outros animais, com seus no máximo um metro de comprimento, e até 10 kg.

Fotografia de uma preguiça-comum / Crédito: Foto por Eddy Camejo pelo Pixabay

Em contramão, a espécie mais comum de preguiça-gigante que viveu no Brasil é a Eremotherium laurillardi, que podia pesar até 5 toneladas e medir 5 metros de altura. Outro detalhe relevante, e até óbvio considerando o peso, é que esse animal era terrestre, andando apoiado nas 4 patas, mas ficando "em pé" ocasionalmente para alcançar alimentos nas copas das árvores.

Além disso, as preguiças-gigantes, ao contrário das atuais, também possuíam cauda, eram extremamente peludas e viviam em manada. Mas algo que compartilham em comum é que possivelmente, assim como muitos mamíferos, elas "provavelmente tinham um cuidado parental", explicou Ednair Rodrigues do Nascimento, bióloga especialista em paleontologia, ao g1.

A pesquisadora também acrescenta que, conforme revelaram descobertas paleontológicas, elas possuíam dentes de crescimento contínuo, uma característica própria de animais herbívoros. E, para se manter bem-alimentada, a preguiça-gigante poderia consumir até cerca de 300 kg de vegetais todos os dias.

Representação da preguiça-gigante e seu filhote / Crédito: Divulgação

Paleotocas

Diferente das garras longas e afiadas dos animais atuais, as preguiças-gigantes apresentavam garras capazes de escavar até mesmo a pedra — o que elas faziam, para construir as cavernas e paleotocas (cavidades subterrâneas) em que viviam.

Inclusive, a maior paleotoca do Brasil, que pode ser encontrada em um distrito de Porto Velho, capital de Rondônia, foi construída por preguiças-gigantes.

Após um mapeamento, pesquisadores apontam que o local possui pelo menos 600 metros de extensão, se considerar todos os seus túneis e bifurcações. Em alguns lugares, essas tocas podem ter até 3 metros de altura.

Fotografia tirada no interior da maior paleotoca do Brasil / Crédito: Divulgação/Rede Amazônica/Edson Gabriel

Extinção

As evidências já encontradas sugerem que as preguiças-gigantes habitaram diferentes áreas da América do Sul, e existem registros em quase todos os estados brasileiros. No entanto, elas deixaram de existir durante a Era Glacial, há cerca de 10 mil anos, com outras espécies.

"Imaginemos que hoje nós estamos passando por muito calor. Se esse calor se prolongar por anos ou por milhares de anos — como foi a 'Era do Gelo' — com certeza nós teríamos inúmeras espécies que correriam risco de extinção. Então foi isso que aconteceu com a megafauna: teve um período glacial muito intenso e esses animais não conseguiram se adaptar", disse Ednair Rodrigues ao g1.

Ilustração de como seriam as preguiças-gigantes / Crédito: Divulgação/Youtube

Além disso, o fato de esses animais terem sido "apegados" a um determinado hábitat, sem mencionar a alimentação específica, contribuiu para que fossem extintos. Isso sem mencionar a taxa reprodutiva:

"Um elefante tem um período gestacional de quase 24 meses. Para ele chegar a idade de copular ele demora 18 anos. Então, imagina para o elefante conseguir viver até essa idade? Isso é uma característica que você pode compartilhar com outros animais gigantes também", conclui a bióloga.