Novo filme que se destacou no Globo de Ouro gira em torno de um processo de votação antigo e secreto da Igreja Católica, e irritou diversos membros
Publicado em 19/01/2025, às 16h00 - Atualizado em 29/01/2025, às 18h17
Indicado em oito categorias no Oscar 2025 e seis do Globo de Ouro, o novo filme de mistério e suspense britânico-estadunidense, 'Conclave', é um dos grandes candidatos nas premiações. Dirigido por Edward Berger (que também dirigiu 'Nada de Novo no Front', de 2022), o longa gira em torno de um dos processos de votação mais antigos e secretos da Igreja Católica, para eleger um novo papa.
"O Cardeal Lawrence é encarregado de executar o processo secreto de escolha do novo sumo pontífice após a morte inesperada do amado Papa. Uma vez que os líderes mais poderosos da Igreja Católica se deslocaram de todas as partes do mundo e estão trancados nos salões do Vaticano, Lawrence encontra-se no centro de uma conspiração e descobre um segredo capaz de abalar a própria fundação da Igreja", detalha a sinopse do filme de sucesso.
O longa-metragem foi lançado nos cinemas brasileiros na última quinta-feira, 23, mas já é um dos queridinhos — embora também tenha sido criticado — para a próxima edição do Oscar, que ocorre em março. Com isso em mente, leia 5 curiosidades antes de assistir a 'Conclave':
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Baseado no livro de mesmo nome lançado em 2016, escrito pelo autor britânico Robert Harris, 'Conclave' explora diversas discussões secretas nos corredores do Vaticano, bem como as articulações políticas, segredos e conspirações que ocorrem pelos bastidores, enquanto o cardeal Thomas Lawrence (interpretado por Ralph Fiennes) supervisiona o processo de escolha de um novo papa, numa intensa disputa pelo poder entre figuras proeminentes da Igreja Católica.
Vale destacar que as avaliações do filme, em geral, são positivas: conta com uma aprovação da crítica em 93% no Rotten Tomatoes. No entanto, a obra cinematográfica não agradou a todos, e caiu em polêmica.
Quem mais se destaca no elenco, como o protagonista do longa, é o ator britânico Ralph Fiennes — lembrado principalmente por dar vida ao Lord Voldemort na franquia cinematográfica 'Harry Potter', e pelo papel mais recente no terror 'O Menu' (2022) —, que dá vida ao Cardeal Thomas Lawrence, um liberal britânico e responsável por organizar o conclave.
Além dele, o elenco do filme também conta com Stanley Tucci, como o Cardeal Aldo Bellini, um liberal americano e favorito a ser o novo papa; John Lithgow como o Cardeal Joseph Tremblay, um moderado canadense; Sergio Castellitto como o Cardeal Goffredo Tedesco, um tradicionalista italiano de extrema-direita; e Isabella Rossellini como a Irmã Agnes, chefe de cozinha e governanta dos cardeais.
Processo que dá nome ao filme, o conclave é um tipo de ritual secreto da Igreja Católica que segue os mesmos moldes há oito séculos. Costuma ocorrer após a morte ou renúncia de um papa, e consiste basicamente no processo de eleição de um novo representante da Igreja Católica.
Nesse tempo, os cardeais são isolados do mundo exterior, para garantir que suas decisões não sejam influenciadas. Além disso, só podem votar aqueles que tiverem menos de 80 anos.
O processo sigiloso ocorre na Capela Sistina, onde as cédulas são queimadas após cada rodada e, no fim, caso um novo papa seja escolhido, a chaminé acima da capela solta uma fumaça branca, que alerta aos fiéis.
Uma polêmica que chamou atenção para o filme nos últimos tempos foi que o bispo norte-americano Robert Barron, líder do ministério católico de mídia Word on Fire, pediu aos seus seguidores e aos católicos em geral que não assistissem ao longa.
Ele criticou o filme, alegando que a produção promove uma visão negativa sobre a hierarquia na Igreja Católica, a colocando como um grande centro de ambição, corrupção e egoísmo, repercute a CNN.
Além disso, ele também acusou o filme de favorecer uma série de ideais progressistas de diversidade e inclusão. A trama, vale mencionar, destaca uma divisão interna na Igreja Católica, com foco na luta entre líderes progressistas — com ideais mais modernos e de posicionamentos mais próximos, por exemplo, aos do papa Francisco — e tradicionalistas, mais conservadores, além de abordar pautas como o papel das mulheres na Igreja.
Após a repercussão das críticas, o roteirista Peter Straughan defendeu a obra em uma coletiva de imprensa após a vitória do filme no Globo de Ouro — na categoria de Melhor Roteiro —, argumentando que não se trata de uma obra anticatólica, mas puramente regida pela fé, conforme repercute o Adoro Cinema.
"Não acho que o filme seja anticatólico. Fui criado como católico. Eu era coroinha. Acho que a mensagem central do Conclave é sobre a igreja sempre ter que reencontrar seu núcleo espiritual, porque ela lida muito com poder. Esse sempre foi um equilíbrio cuidadoso e difícil. Para mim, esse era um ideal católico muito central com o qual fui criado. Eu defendo isso", disse Straughan.
'Conclave' chega aos cinemas brasileiros na próxima quinta-feira, 23.