Lançado ao mar após ser atingido por um vendaval, Adilang só foi encontrado a milhares de quilômetros de distância de casa
Em 2018, o jovem indonésio Aldi Novel Adilang foi resgatado após permanecer 49 dias perdido no mar em uma cabana de pesca flutuante. Entretanto, se já não bastasse, a surpreendente história que parece até roteiro de filme ficou ainda mais impressionante quando Adilang revelou que aquela não era a primeira vez que aquilo lhe aconteceu, muito menos a segunda, mas sim a terceira ocasião em que ficou à deriva.
Porém, essa sua última experiência havia sido, de longe, a mais complicada e notória entre todas as outras. Mas como tudo aconteceu?
Em meados de julho, Aldi estava trabalhando em uma cabana de pesca a 125 quilômetros da costa de Sulawesi, quando ventos fortes atingiram a embarcação e romperam a corda que prendia sua cabana com as estacas fixas no leito do mar. Assim, a cabana toda foi arremessada a mar aberto.
Com o vento, Adilang, que tinha apenas 18 anos na época, foi levado até perto das ilhas Guam, na Micronésia, a milhares de quilômetros de distancia de onde estava. "A corda se rompeu depois que encostou na cabana do meu amigo", relata. "Infelizmente, ele estava dormindo, então não viu que eu fiquei à deriva."
Nos primeiros dias, ele conseguiu sobreviver graças a seu estoque de comida, entretanto, seus suprimentos duraram apenas uma semana. "Arroz, água limpa, especiarias e gás acabaram. Para sobreviver, eu pescava peixes e queimava madeira das grades da cabana para acender fogo e cozinhá-los. Até comi peixe cru", diz aliviado.
Porém, seu desafio maior era outro: beber água limpa. A solução encontrada pelo jovem foi mergulhar sua roupa no mar e beber água através delas, como se o tecido fosse uma espécie de filtro. Ao fazer isso, ele explica, o gosto de sal era reduzido.
A espera de ajuda
Ao longo do período que ficou à deriva, Aldi relata que avistou cerca de 10 navios que cruzaram seu caminho, porém, nenhum deles o enxergou e muito menos parou para resgatá-lo.
Desesperado, o indonésio explica que se sentiu deprimido e pensou até em se matar, mas relata que encontrou conforto enquanto cantava músicas cristãs e lia a Bíblia, sempre pedindo para poder ver seus pais novamente.
Assim, felizmente, no dia 31 de agosto Adilang avistou um navio cargueiro. “Eu gritei ‘help, help' [socorro], era a única coisa que eu sabia dizer". Resgatado, o jovem recebeu roupas novas e água potável, mas ainda não sabia que havia sido carregado da Indonésia até o território de Guam.
Aldi ainda ficou na embarcação por uma semana até chegar em terra firme, no Japão. De lá, dois dias depois, voou de volta até a Indonésia e, enfim, conseguiu se reencontrar com seus familiares.
A terceira a gente nunca esquece
Apesar de toda angustia, aquela não seria a única ocasião em que o indonésio havia ficado em deriva, se bem que as outras foram mais curtas e menos traumáticas. "Na primeira vez, fiquei à deriva por uma semana. Na segunda vez, durante dois dias", diz. Apesar do susto, nas duas ocasiões acabou sendo resgatado pelo dono da embarcação.
Adilang explica que na embarcação que trabalha não há equipamento de segurança e nem de navegação, muito menos uma bússola. Além do mais, ele recebia comida, água e combustível de algum responsável pela empresa que trabalhava — que também ia recolher o peixe.
Por todo esse esforço, o jovem recebia aproximadamente 134 dólares por mês e já havia firmado um contrato de um ano. Porém, depois que o episódio passou, ele prometeu que aquela seria a última vez que velejou.
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