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Notícias / Arqueologia

Tesouros de metal de 3.400 anos são descobertos em colina vulcânica na Hungria

Descobertas lançam luz sobre antigos povos que habitaram o oeste da Hungria, cuja identidade ainda é um mistério aos especialistas

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 05/05/2025, às 11h47

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Antigos artefatos de metal encontrados na Hungria - Divulgação/Bence Soós/László György
Antigos artefatos de metal encontrados na Hungria - Divulgação/Bence Soós/László György

Ao longo de um ano, pesquisadores da Hungria descobriram com detectores de metais mais de 300 artefatos em pelo menos seis tesouros de metal datados do fim da Idade do Bronze e início da Idade do Ferro, incluindo joias, decorações militares e armas. Com isso, novos detalhes sobre os antigos povos que viveram no oeste do país no passado são descobertos.

Segundo o estudo, publicado na revista Antiquity, os achados mais antigos datam de 1.400 a.C. a 1.300 a.C., e as descobertas revelaram um misterioso assentamento em uma colina vulcânica. Além dos conjuntos de metal, também foram encontradas várias contas de âmbar, restos de tecido e couro, e até presas de javari e porcos domésticos.

As escavações foram feitas na colina vulcânica de Somló, notável por sua elevação sobre uma paisagem relativamente plana. Hoje, essa região é conhecida especialmente por sua produção de vinhos, mas ainda no fim do século 19 entusiastas de arqueologia se interessaram pelo local, quando fazendeiros e produtores locais começaram a desenterrar diversos artefatos antigos, conforme comenta o principal autor do estudo, Bence Soós, arqueólogo-museólogo do Museu Nacional Húngaro, ao Live Science.

Descobertas

Os artefatos encontrados inicialmente pelos agricultores incluíam joias, armas e antigos vasos de bronze. Além disso, a quantidade e qualidade dos achados sugeriam uma presença humana significativa na região entre os séculos 13 a.C. e 6 a.C.. Porém, os locais específicos das descobertas não foram registrados, de forma que até hoje é um mistério que grupo viveu na região durante o período.

Descobertas anteriores feitas em Somló incluem objetos funerários do início da Idade do Ferro, encontrados em túmulos monumentais, e levam alguns especialistas a especular que o local poderia ter servido como sede de poder de uma elite de líderes guerreiros.

Dessa forma, Soós e sua equipe começaram uma nova investigação arqueológica, incluindo "extensas pesquisas com detectores de metais e caminhadas de campo", além da utilização de tecnologias como o lidar, para mapear a topografia do terreno.

Graças aos esforços dos nossos voluntários, nossas investigações documentaram os primeiros tesouros metálicos em Somló", conta Soós ao Live Science via e-mail. "No primeiro ano de pesquisa, foram descobertos seis conjuntos metálicos do final da Idade do Bronze e do início da Idade do Ferro".

Até este mês de abril, os arqueólogos recuperaram mais de 900 peças de metal, a maioria retirada de um planalto na área sudeste da colina. Estes artefatos incluem vários objetos relacionados à produção de bronze, o que sugere que o metal seria produzido localmente.

Porém, o que torna as descobertas especialmente notáveis é o fato de elas fornecerem informações sobre como foi o período de transição da Idade do Bronze Final à Idade do Ferro Inicial, no fim do século 9 a.C. — e que, conforme comenta Soós, até hoje não é bem compreendida.

Por exemplo, um fato que chama atenção é que um conjunto denominado Tesouro V representa o que os arqueólogos qualificam como a primeira evidência de costumes de deposição de metais em sepultamentos, para fins ritualísticos ou simbólicos. Além disso, também apresenta objetos de metal armazenados dentro de recipientes de cerâmica, sendo este o primeiro exemplar do tipo encontrado no oeste da Hungria.

Com essas descobertas, agora os arqueólogos sugerem que os povos que viveram na região entre os séculos 13 a.C. e 6 a.C. provavelmente viviam em sociedades tribais, ou mesmo divididos em clãs, sendo liderados por guerreiros de elite. De maneira mais específica, o novo estudo indica que Somló pode ter sido uma de suas sedes de poder, bem como sede de uma comunidade proeminente cuja cultura já incluía a deposição de tesouros de metal.

Por fim, embora Soós e sua equipe ainda não possam confirmar a presença de uma oficina de produção de metal, eles já descobriram partes de um edifício que escavações futuras podem acabar revelando mais detalhes sobre esse antigo grupo humano que habitou o oeste da atual Hungria.