O telescópio Euclid da ESA descobriu um raro anel de Einstein, revelando galáxias distantes e insights sobre matéria escura e energia escura
O telescópio espacial Euclid fez uma descoberta notável ao capturar um fenômeno raro conhecido como anel de Einstein, que evidencia a deformação extrema do espaço causada pela gravidade de uma galáxia.
A imagem impressionante mostra a galáxia NGC 6505, rodeada por um círculo perfeito de luz. Este anel oferece uma visão de uma galáxia mais distante, situada diretamente atrás da NGC 6505, cuja luz estelar foi curvada ao redor da galáxia em primeiro plano.
"Esta é uma descoberta linda, extraordinária, emocionante e sortuda em nossos primeiros dados", declarou o professor Stephen Serjeant, astrônomo da Open University, ao The Guardian.
"Um anel de Einstein tão perfeito quanto este é extremamente raro. Conseguimos ver uma galáxia de fundo através do espaço e tempo distorcidos de uma galáxia de primeiro plano muito próxima".
A teoria geral da relatividade de Albert Einsteinprevê que a luz se curva ao passar por objetos massivos no espaço, o que permite que as galáxias funcionem como enormes lentes.
Os 'anéis de Einstein' são ferramentas poderosas para os astrônomos, pois revelam objetos que, de outra forma, estariam ocultos e indicam a massa da galáxia intermediária — incluindo qualquer massa oculta na forma de matéria escura.
No caso observado, os astrônomos estimam que a galáxia em primeiro plano contém aproximadamente 11% de matéria escura. Esse valor é relativamente baixo, considerando que se acredita que a matéria escura domina o conteúdo total de massa do universo.
Desvendar os mistérios da matéria escura e da energia escura — que juntas constituem 95% do universo — é o principal objetivo da missão da Agência Espacial Europeia, que conta com um investimento de €1 bilhão (R$ 5,95 bilhões).
O telescópio, capaz de detectar galáxias até 10 bilhões de anos-luz de distância, visa criar o maior mapa cósmico em 3D já elaborado. Essa iniciativa permitirá aos astrônomos inferir a distribuição em larga escala da matéria escura e revelar a influência da energia escura, uma força misteriosa que está acelerando a expansão do universo.
Embora o telescópio capture imagens de objetos a até 10 bilhões de anos-luz de distância, a imagem mais recente demonstra sua incomparável capacidade para observações nítidas ao revelar novas estruturas no universo próximo.
A galáxia NGC 6505 está localizada a cerca de 590 milhões de anos-luz da Terra — uma distância relativamente curta em termos cósmicos — enquanto a galáxia de fundo não identificada está situada a 4,42 bilhões de anos-luz.
"Acho muito intrigante que este anel tenha sido observado dentro de uma galáxia bem conhecida, que foi descoberta pela primeira vez em 1884", comentou a Dra. Valeria Pettorino, cientista do projeto Euclid da ESA.
"A galáxia é conhecida pelos astrônomos há muito tempo. E, no entanto, este anel nunca foi observado antes. Isso demonstra o quão poderosa é Euclid, encontrando coisas novas até mesmo em lugares que pensávamos conhecer bem".