Aos 64 anos, suspeito desembarcou sob forte esquema de segurança em uma base aérea militar nos arredores de Nova Déli, onde permanecerá detido
Tahawwur Hussain Rana, cidadão canadense nascido no Paquistão e suspeito de envolvimento nos atentados de 2008 em Mumbai, chegou à Índia nesta quinta-feira, 9, à noite, após ser extraditado dos Estados Unidos.
Aos 64 anos, ele desembarcou sob forte esquema de segurança em uma base aérea militar nos arredores de Nova Déli, onde permanecerá detido enquanto aguarda julgamento.
A extradição marca o fim de um processo que se arrastou por anos, com a Índia exigindo sua entrega por suposta participação no cerco de três dias à capital financeira do país, que deixou 166 mortos e centenas de feridos.
Nova Déli responsabiliza o grupo extremista Lashkar-e-Taiba (LeT), baseado no Paquistão, pelos ataques — e aponta Rana como um dos principais conspiradores.
Segundo a Agência Nacional de Investigação da Índia (NIA), a extradição foi resultado de “anos de esforços sustentados e concentrados para levar à justiça o principal conspirador por trás do caos de 2008”.
Rana é acusado de colaborar com o amigo de longa data David Coleman Headley, que atualmente cumpre pena de 35 anos nos EUA após confessar seu envolvimento com o LeT.
Headley admitiu ter feito o reconhecimento de alvos em Mumbai para facilitar os ataques. Embora a Justiça americana tenha considerado Rana com um papel secundário, a Índia o vê como figura central na conspiração.
Em fevereiro, o então ex-presidente Donald Trump havia anunciado a extradição de Rana, chamando-o de “uma das pessoas mais más do mundo”. A transferência só foi possível após a Suprema Corte dos EUA rejeitar, neste mês, o recurso final da defesa, que tentava impedir sua extradição.
Rana, que nega as acusações, é ex-médico militar do exército do Paquistão. Emigrou para o Canadá em 1997 e, posteriormente, mudou-se para os Estados Unidos, onde abriu negócios em Chicago, incluindo um matadouro e um escritório de advocacia. Ele foi preso pela polícia americana em 2009.
Em 2013, ele foi absolvido da acusação de envolvimento direto nos ataques de Mumbai, mas condenado por fornecer apoio material ao grupo LeT em outro caso: um plano frustrado para atacar o jornal dinamarquês Jyllands-Posten, conhecido por publicar charges do profeta Maomé. Pela conspiração, Rana foi sentenciado a 14 anos de prisão.
Agora, com sua chegada à Índia, autoridades esperam que a justiça finalmente seja feita. “Finalmente, a longa espera acabou”, declarou à imprensa local Devendra Fadnavis, ministro-chefe do estado de Maharashtra, onde fica Mumbai. “A justiça será feita.”