Robert "Bob" Fernandez tinha apenas 17 anos quando, em dezembro de 1941, sofreu com ataque japonês que levou os EUA à Segunda Guerra Mundial
Publicado em 14/12/2024, às 08h30
Na última quarta-feira, 11, um dos poucos sobreviventes do bombardeio japonês a Pearl Harbor — que levou os Estados Unidos a entrar na Segunda Guerra Mundial —, Bob Fernandez, morreu aos 100 anos. A família informou que o homem morreu pacificamente na casa de seu sobrinho, Joe Guthrie, em Lodi, na Califórnia.
Em 17 de dezembro de 1941, fatídico dia do ataque a Pearl Harbor, Fernandez era um marinheiro a bordo do USS Curtis. No momento do bombardeio, ele trabalhava como cozinheiro no refeitório, e estava servindo mesas e levando o café da manhã aos demais marinheiros, quando ouviram o alarme soar.
Ele então viu, através de uma vigia, um avião japonês sobrevoando a área, e correu até a sala de revistas, onde ele e outros marinheiros esperavam que alguém destrancasse o armazém de munições para os canhões do navio. Ao longo dos anos, descreveu em entrevistas que via vários de seus companheiros rezando e chorando, enquanto ouviam os tiros acima.
Fiquei meio assustado porque não sabia o que diabos estava acontecendo", disse ele em entrevista recente à Associated Press. "Perdemos muitas pessoas boas, sabia? Elas não fizeram nada. Mas nunca sabemos o que vai acontecer em uma guerra".
Segundo o The Guardian, o navio de Bob Fernandez perdeu 21 homens, e teve quase 60 feridos. Vale mencionar que, ao todo, o bombardeio vitimou mais de 2.300 soldados americanos, dos quais quase metade estavam a bordo de outro navio, o USS Arizona, que afundou na batalha.
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Na última semana, Bob Fernandez planejava retornar a Pearl Harbor para uma comemoração anual em memória do episódio, organizada pela Marinha e pelo Serviço de Parques Nacionais. No entanto, sofreu uma deterioração em sua saúde, e precisou cancelar a viagem, conforme relatou Joe Guthrie ao The Guardian.
O sobrinho também contou que o veterano sentia grande orgulho dos seis anos que passou na Marinha, todos a bordo do USS Curtiss, e que a maioria das roupas casuais que ele usava, como chapéus e camisas, se relacionavam ao serviço.
Após a guerra, Bob Fernandez trabalhou como motorista de empilhadeira em uma fábrica de conservas em San Leandro, Califórnia, e se casou com uma mulher chamada Mary Fernandez, que morreu em 2014 aos 65 anos.
Ele também é lembrado por gostar de música e dança, frequentando apresentações semanais em um parque local, e por ajudar vários de seus vizinhos em seu parque de trailers, cuidando de seus quintais caso precisassem, até que se mudou com Guthrie no ano passado.
Anteriormente, o veterano disse que o segredo para viver uma vida longa era parar de comer quando estivesse satisfeito, e não deixar de subir escadas. Ele também dizia que não havia problema em tirar um cochilo, contanto que fizesse algo antes de ir para a cama, como lavar roupa ou louça; mas, acima de tudo, ele recomendava ser gentil com todos.
"Ele varria os quintais das pessoas se elas não pudessem fazer isso. Ele pintava uma cerca. Ele ajudava alguém. Ele dava dinheiro às pessoas se elas precisassem de algo. Ele era tão generoso e uma pessoa tão gentil. Ele fazia amigos em todos os lugares", relatou Guthrie.
Bob Fernandez deixa seu filho mais velho, Robert J Fernandez, além de uma neta e vários bisnetos. Hoje, há 16 sobreviventes restantes conhecidos do ataque de Pearl Harbor, segundo uma lista mantida por Kathleen Farley, presidente estadual da Califórnia dos Filhos e Filhas dos Sobreviventes de Pearl Harbor, todos com pelo menos 100 anos.