Após analisar 12 restos mortais pertencentes a família nobre dos séculos 16 e 17, foi descoberto mais antigos embalsamamentos da França moderna
Publicado em 30/11/2024, às 13h42
Ao longo do mundo e da história, já foram descobertas técnicas de embalsamamento de corpos, para a preservação de cadáveres, em diversos contextos, desde o Egito Antigo até algumas áreas da América do Sul. Recentemente foi revelado o que provavelmente foram as primeiras evidências da prática na França moderna, datadas de entre os séculos 16 e 17.
Segundo o novo estudo, publicado na Scientific Reports, as técnicas usadas para embalsamar os corpos analisados em questão não pretendiam preservá-los o máximo possível, como faziam os egípcios, mas sim apenas até a cerimônia de sepultamento ser concluída pelos entes queridos.
Elas consistem em remover os órgãos do indivíduo, lavar o corpo e, finalmente, preenchê-lo com uma substância embalsamadora. O processo já era conhecido anteriormente, sendo descrito pelo cirurgião francês Pierre Dionis em um manual de autópsia de 1708, e agora foram apontados indícios de um procedimento semelhante em membros da aristocracia francesa.
Para chegar à conclusão, foi realizado um trabalho em conjunto entre pesquisadores do Instituto Arqueológico Austríaco da Academia Austríaca de Ciências, da Université de Bordeaux e da Aix-Marseille Université. Foram analisados 12 esqueletos enterrados ao longo de dois séculos na cripta compartilhada da família Caumont, no sudoeste da França.
O local foi descoberto em 2017, e os sepultamentos eram correspondentes a sete adultos e cinco crianças. Em 2021, outra escavação na capela revelou o túmulo de uma mulher idosa que também teve o corpo embalsamado.
+ Embalsamamento, Stalin e mausoléu: A saga da múmia de Lenin, que completa 100 anos
"Nossas investigações macroscópicas e microscópicas revelaram um tratamento técnico completo e altamente padronizado que era semelhante tanto para adultos quanto para indivíduos imaturos muito jovens e exibe um conjunto de habilidades que foi transmitido ao longo de dois séculos", escrevem os pesquisadores no artigo.
Porém, os especialistas destacam que é raro encontrar vários embalsamamentos em uma mesma família. Portanto, esse tratamento cuidadoso com os mortos sugere que aquele conjunto familiar não era apenas rico, mas também de bastante prestígio na época, conforme repercute a Revista Galileu.