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Notícias / Arqueologia

Primeiras ferramentas de tatuagem maias são descobertas em Belize

Pela primeira vez na história, arqueólogos descobriram em caverna em Belize antigos instrumentos de tatuagem utilizados pelos maias

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 08/05/2025, às 12h14

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Ferramentas de tatuagem maias descobertas em Belize - Divulgação/WJ Stemp/C. Helmke
Ferramentas de tatuagem maias descobertas em Belize - Divulgação/WJ Stemp/C. Helmke

Recentemente, arqueólogos desenterraram em Actun Uayazba Kab — que pode ser traduzido para "Caverna da Mão" —, no centro de Belize, dois artefatos de pedra que surpreendem por, possivelmente, serem os instrumentos de tatuagem mais antigos conhecidos relacionados aos maias. Os objetos parecem ter sido utilizados para punção, método comum de tatuagem a muitas culturas indígenas.

As ferramentas, repercute o Archaeology News, foram classificadas como lascas de sílex, que foram moldadas em uma ponta afiada. Elas continham traços do que os pesquisadores acreditam ser tinta à base de fuligem, e datam do período Maia Clássico (entre 250 e 900 d.C.).

Os responsáveis pela descoberta são pesquisadores de universidades dos Estados Unidos e da Dinamarca, que acreditam que a caverna pertencia a um contexto cerimonial, como um ambiente associado a conceitos sagrados como vida, morte e submundo.

Apesar de os maias já serem reconhecidos há muito tempo por suas tatuagens — relatos dos espanhóis conquistadores descreviam homens e mulheres com a pele adornada com desenhos que simbolizavam bravura, beleza ou punição —, ferramentar utilizadas para isso nunca foram encontradas.

Vale mencionar que o que sabemos sobre as tatuagens maias são provenientes principalmente de relatos e obras de arte tradicionais, que mostram pessoas adornadas com desenhos geométricos pelo corpo, visto que a natureza tropical da região não facilita a preservação de evidência de pele tatuada em restos mortais de antigos maias.

Antiga representação do deus maia do fogo com tatuagens e escarificações, e estatueta feminina de Nazca com tatuagens / Crédito: Domínio Público

E para confirmar que os objetos realmente serviram como ferramentas de tatuagem, os pesquisadores replicaram-nos e utilizaram as réplicas para tatuar pele fresca de porco (considerada a mais próxima da pele humana, em questões biológicas). Os padrões de desgaste notados nas ferramentas experimentais se mostraram semelhantes aos das descobertas em Belize, e uma análise microscópica revelou resíduos de pigmentos usados na tatuagem e marcas de desgaste pelo uso repetido em tecidos moles.

Importância social

Conforme descrito em estudo publicado no Journal of Archaeological Science: Reports, as ferramentas foram encontradas em uma saliência da caverna, acima de uma piscina de travertino, próximo a restos humanos e outros itens rituais valiosos, como jade e obsidiana. Com isso, os pesquisadores sugerem que as tatuagens fossem possivelmente cerimoniais ou sociais, talvez para indivíduos de alto escalão ou para eventos sagrados.

Além disso, uma curiosidade é que os pesquisadores também acreditam que as ferramentas tenham sido deliberadamente quebradas após o uso, em um ritual antes de serem depositadas na caverna.

Em artigo publicado na revista Ancient Mesoamerica, eles também propõem que os maias não tinham as tatuagens como meramente decorativas, mas sim como uma atividade cultural complexa associada à identidade, status e crenças religiosas. "A pele servia como uma tela social", escrevem.

Agora, por mais que muitos detalhes sobre o uso amplo de tatuagens entre os maias ainda sejam desconhecidos, a descoberta recente já abre novos caminhos para se pensar sobre como essas antigas pessoas utilizavam de seus corpos como instrumentos de expressão, memória e poder.