Estrutura rara de 2.000 anos em Norfolk oferece novos insights sobre a vida cotidiana durante a ocupação romana da Grã-Bretanha
Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 04/07/2025, às 17h30 - Atualizado em 08/07/2025, às 07h13
Recentemente, em uma descoberta arqueológica brilhante, uma equipe da Oxford Archaeology encontrou um poço romano surpreendentemente bem preservado em Norfolk, no leste da Inglaterra.
Datado de quase 2.000 anos atrás, o poço chama a atenção por sua estrutura incomum: ele é revestido com vime trançado, um material orgânico que raramente sobrevive ao tempo — tornando esta descoberta uma janela única para a vida rural durante a ocupação romana da Grã-Bretanha.
O poço faz parte de um assentamento agrícola romano maior atualmente em escavação. Embora outros poços tenham sido identificados no local, nenhum apresenta o mesmo grau de preservação. Segundo os especialistas, o segredo da conservação está nas condições subterrâneas alagadas e sem oxigênio, que impediram a decomposição dos materiais orgânicos, como o vime e a madeira.
A estrutura foi construída com escavação direta até o lençol freático, seguida do revestimento com vime entrelaçado como uma grande cesta, fixado com suportes verticais de madeira. Fragmentos de uma escada de madeira também foram encontrados no interior do poço — incluindo um corrimão e um único degrau — o que sugere que os antigos habitantes usavam algum tipo de estrutura para acessar a água. A configuração exata da escada, porém, ainda está em debate.
"É um vislumbre extraordinário da engenharia romana aplicada ao cotidiano", disse um dos arqueólogos envolvidos na escavação. "O uso de vime mostra não só engenhosidade, mas também o reaproveitamento de materiais disponíveis, como madeira descartada, para criar soluções eficientes e duráveis".
A descoberta empolga os especialistas não apenas por seu estado de preservação, mas também pelo potencial de conteúdo. Poços romanos já revelaram, em outros sítios europeus, artefatos como cerâmicas, ossos queimados, objetos de vidro e até mármore — alguns com possíveis finalidades rituais. O poço de Norfolk, portanto, pode esconder ainda mais segredos em suas profundezas.
Segundo o 'Arkeonews', para preservar e compartilhar a estrutura frágil, os arqueólogos criaram um modelo 3D interativo do poço, permitindo que o público explore virtualmente o artesanato romano em vime sem danificar o local.
À medida que as escavações continuam, cresce a expectativa por novas descobertas que possam lançar luz sobre a rotina e a cultura das comunidades rurais da Grã-Bretanha romana — e sobre como elas enfrentavam desafios práticos com soluções surpreendentemente sofisticadas.