“Isso ajudou a ensinar os meninos que ‘não’ não significa realmente não”, explicou Charles M. Blow, do NYT. Entenda a polêmica!
Francês, mau cheiroso e com um romantismo exacerbado, Pepé Le Pew, ou Pepe Le Gambá, em versão brasileira, fez muito sucesso nas telinhas brasileiras por suas tentativas de conquistar a gatinha nos desenhos da Warner Bros.
Porém, o que muitos consideram um desenho inocente, não é visto com os mesmos olhos pelo colunista do New York Times Charles M. Blow. Afinal, em seu último artigo, ele afirma que o personagem ajuda a normalizar e perpetuar a cultura do estupro.
Em resposta aos críticos, ele explicou usando uma sequência do desenho: “Os blogs RW estão loucos porque eu disse que Pepe Le Gambá acrescentou à cultura do estupro. Vamos ver. 1) Ele agarra/beija uma garota / estranho, repentinamente, sem consentimento e contras sua vontade. 2) Ela luta fortemente para se afastar dele, mas ele não solta. 3) Ele tranca uma porta para impedi-la de escapar”.
RW blogs are mad bc I said Pepe Le Pew added to rape culture. Let’s see.
— Charles M. Blow (@CharlesMBlow) March 6, 2021
1. He grabs/kisses a girl/stranger, repeatedly, w/o consent and against her will.
2. She struggles mightily to get away from him, but he won’t release her
3. He locks a door to prevent her from escaping. pic.twitter.com/CbLCldLwvR
Porém, a argumentação não foi bem aceita pelos defensores do desenho, alegando que quando ele apareceu pela primeira vez, em 1945, o mesmo não foi feito para ser interpretado dessa maneira.
Além do mais, eles acrescentam que tudo não basta de uma boa diversão e que nenhuma criança absorverá o comportamento do personagem como um exemplo a ser seguido.
Com isso, Blow finalizou a discussão mostrando o porquê o vê como uma figura tóxica. “Isso ajudou a ensinar os meninos que ‘não’ não significa realmente não, que era parte do ‘jogo’, a linha de partida de uma luta pelo poder. Ensinou que superar as objeções rígidas e até físicas de uma mulher era normal, adorável, engraçado. Eles nem mesmo deram à mulher a habilidade de falar”.
Além dessa discussão, ele também argumentou que o racismo é algo enraizado na cultura americana, em especial na cultura pop, que é apresentado para as crianças desde sua primeira infância.
Exemplificando seu pensamento, Blow usou como exemplo o personagem Ligeirinho, também da Warner Bros, o qual diz representar de maneira estereotipada os mexicanos. Outro exemplo é a empregada negra presente em Tom & Jerry, onde é exibida apenas das pernas para baixo.