Livro resgata a história de Bep Voskuijl, que ajudou a família Frank nos tempos de Anexo Secreto, e tenta responder um dos maiores segredos da Segunda Guerra
Publicado em 1947, 'O Diário de Anne Frank' se tornou um dos registros históricos mais importantes sobre o Holocausto. Com uma escrita sutil e encantadora, Anne ajudou a personificar uma tragédia que, até então, era apenas massificada. A jovem holandesa se tornou o rosto dos cerca de seis milhões de judeus que foram mortos durante a Segunda Guerra Mundial.
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Desde sua publicação, muito se estudou e se debateu sobre o intervalo de 761 dias entre seu esconderijo, ao lado de sua família, no Anexo Secreto e sua morte, por tifo, no campo de concentração de Bergen-Belsen.
Mas para que muita desta história pudesse ser contada, diversas pessoas arriscaram suas vidas para ajudar e esconder os Frank. Entre esses nomes está a de Bep Voskuijl — citada nas primeiras edições sob o pseudônimo de 'Elli Vossen'.
Contratada por Otto Frank para atuar como sua secretária particular na Opekta Works, sua história permaneceu desconhecida até então. Mas, agora, seu passado é revisitado no lançamento 'O último segredo de Anne Frank' (Ed. Planeta), escrito pelo filho de Bep, Joop van Wijk-Voskuijl, e pelo jornalista Jeroen De Bruyn, que entrelaçam a história desta protetora silenciosa e de sua irmã Nelly com a narrativa icônica de Anne.
Com uma narrativa comovente e cheia de detalhes inéditos que reconstroem a vida de Anne e da família Frank, 'O último segredo de Anne Frank' também mergulha no fatídico mistério, ainda sem solução, do telefonema que os levou à prisão, em 4 de agosto de 1944.
Quando os Frank se esconderam no Anexo Secreto, Bep, então com 23 anos, arriscou sua própria vida para protegê-los, mergulhando no mercado clandestino de Amsterdã para conseguir alimentos e medicamentos debaixo do nariz de soldados e espiões.
Na obra, os autores revelam como, naquele pequeno alojamento, a amizade de Bep e Anne floresceu por meio de conversas profundas e refeições partilhadas. Na contramão disso tudo, o livro também expõe detalhes sobre a colaboração de Nelly Voskuijl com os nazistas — um segredo de família guardado a sete chaves.
Após a guerra, Bep tentou enterrar suas memórias. Segundo Joop, a mãe nunca superou a perda de Anne, nem conseguiu afastar a terrível suspeita de que as pessoas no Anexo Secreto haviam sido traídas pela própria irmã.