Novo estudo analisou e categorizou objetos celestes raros, chamados pelos astrônomos de "cometas negros"; entenda o que são e qual sua importância!
Publicado em 11/12/2024, às 12h30
Nesta segunda-feira, 9, pesquisadores do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa anunciaram, em um novo artigo, a descoberta de sete novos "cometas negros". Identificados há menos de dois anos, esses corpos celestes são considerados raros, parecendo visualmente com um asteroide, mas se movimentando como um cometa.
De maneira simples, é possível diferenciar asteroides de cometas, pois os primeiros são corpos rochosos que orbitam nosso Sistema Solar; enquanto isso, cometas são formados por poeira e gelo, além de serem formados fora do Sistema Solar. O novo estudo foi publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, liderado por Darryl Seligman, pós-doutorando na Universidade Estadual do Michigan.
Segundo a Revista Galileu, a existência de corpos celestes semelhantes aos "cometas negros" foi notada em um estudo de 2016, que observou uma trajetória inesperada do então considerado "asteroide" 2003RM.
"Quando você vê esse tipo de perturbação em um objeto celeste, geralmente significa que é um cometa, com material volátil saindo de sua superfície, dando a ele um pequeno impulso", explica em comunicado o co-autor do estudo, Davide Farnocchia. "Por mais que tentássemos, não conseguimos encontrar nenhum sinal da cauda de cometa. Parecia qualquer outro asteroide — apenas um ponto de luz".
Logo, não demorou para que a equipe entendesse que aquele objeto espacial se tratava de um corpo estranho. E foi então que, no ano seguinte, um telescópio da NASA descobriu o primeiro objeto celeste documentado que se originou fora do nosso Sistema Solar, sendo renomeado para 1I/2017 U1 ('Oumuamua).
Oumuamua foi surpreendente de várias maneiras", acrescenta Farnocchia. "O fato de que o primeiro objeto que descobrimos do espaço interestelar exibiu comportamentos semelhantes ao 2003RM tornou o 2003RM ainda mais intrigante".
Até 2023, os pesquisadores já haviam conseguido identificar sete objetos semelhantes em nosso Sistema Solar com o mesmo tipo de comportamento, o que bastou para que a comunidade astronômica decidisse por nomeá-los de maneira distinta: foram então chamados de "cometas negros".
No novo estudo, os pesquisadores também estabeleceram diferenciações entre os "cometas negros", descrevendo como um tipo de objeto próprio os chamados de "cometas negros externos", que possuem características bastante semelhantes aos da família de Júpiter, com órbitas excêntricas ou elípticas, além de serem bastante maiores, com diâmetros de centenas de metros.
Além desse, também foi descrito um segundo grupo, dos "cometas negros internos", que residem no Sistema Solar interno, incluindo Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. Estes, por sua vez, são descritos com órbitas menores e quase circulares, e diâmetros com "apenas" dezenas de metros.
Agora, os pesquisadores esperam avançar nas pesquisas a fim de descobrir mais sobre os tais "cometas negros", bem como sua origem, compreender o que provoca sua aceleração distinta, se eles podem conter gelo e, até mesmo, se podem ter alguma relação com a origem da vida na Terra.
"Esses cometas são uma nova potencial fonte para ter entregue os materiais à Terra que eram necessários para o desenvolvimento da vida", pontua Darryl Seligman, por fim, ainda no comunicado. "Quanto mais pudermos aprender sobre eles, melhor poderemos entender seu papel na origem do nosso planeta".