O almirante, que foi ministro da Marinha durante o governo de João Baptista Figueiredo, teve título honoris causa revogado
O almirante Marcos Sampaio Olsen, comandante da Marinha, expressou sua discordância em relação à decisão da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) de revogar, na última sexta-feira, o título honoris causa concedido ao almirante Maximiano Eduardo da Silva Fonseca, que foi ministro da Marinha durante o governo de João Baptista Figueiredo, último presidente da Ditadura Militar.
Fonseca foi apontado pela Comissão Nacional da Verdade como responsável por "graves violações de direitos humanos", segundo informações do portal O Globo.
Além disso, o Conselho Universitário da Furg também revogou títulos de doutor honoris causa concedidos ao ex-presidente Emilio Garrastazu Médici e ao ex-ministro Golbery do Couto e Silva, ambos figuras da Ditadura Militar.
A carta redigida por Olsen, datada desta segunda-feira, aborda exclusivamente a decisão de revogar a honraria de Maximiano Fonseca. O documento começou a circular nas redes sociais e em sites especializados no âmbito militar no início desta semana.
Em resposta ao GLOBO, a Marinha confirmou o conteúdo do documento e afirmou ser a posição oficial da instituição. No texto, Olsen expressa que a decisão da universidade causa "profundo desagrado para a Marinha do Brasil" e critica a revogação como "enviesada".
O almirante argumenta que o oficial Maximiano Fonseca, falecido nos anos 90, dedicou sua vida inteiramente à pesquisa oceânica e é conhecido por sua devoção à ciência, sendo inclusive o idealizador do Programa Antártico Brasileiro (Proantar). Olsen ainda destaca que a universidade negligencia "as contribuições de um homem honrado, progressista e com uma vida dedicada ao Brasil".
De acordo com a Comissão da Verdade, Maximiano Fonseca era o comandante do navio hidrográfico Canopus durante o golpe militar de 1964. A embarcação, que realizava o levantamento hidrográfico da costa do Rio Grande do Sul, foi convertida em prisão a partir de abril daquele ano, mantendo 22 presos políticos.
A universidade, em nota, destaca que entre os presos políticos mantidos e torturados a bordo estavam membros da comunidade, como professores, vereadores, jornalistas e ferroviários, entre outros.