Relevo de Nimrud revela uso criativo de boias de pele de cabra por soldados assírios para atravessar rios e manter armas secas em campanhas militares
Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 24/06/2025, às 14h00 - Atualizado em 26/06/2025, às 18h47
Um curioso relevo esculpido em gesso do Palácio Real de Nimrud, no atual Iraque, tem aflorado a curiosidade de internautas ao redor do mundo. A peça, criada entre 865 a.C. e 860 a.C., durante o reinado de Assurnasirpal II, retrata uma cena militar surpreendente: soldados assírios atravessando um rio com a ajuda de dispositivos flutuantes feitos de pele de cabra, uma engenhosa técnica que contribuiu para o sucesso de suas campanhas.
O painel, descoberto nas escavações da década de 1840 e hoje parte do acervo do Museu Britânico, foi originalmente instalado nas paredes do Palácio Noroeste, à beira do rio Tigre.
Além de representar cenas de rituais, caça e batalhas conduzidas pelo rei, esta seção específica mostra soldados guiando cavalos pela água, um homem nadando livremente, outro remando um pequeno barco e dois utilizando bolsas infladas para boiar — provavelmente feitas de pele de cabra ou porco, como outros registros do mesmo local sugerem.
Essas boias rudimentares não serviam apenas para manter os soldados à tona, mas também para proteger equipamentos e armas da água, permitindo avanços furtivos durante ataques. A inovação revela o nível de sofisticação das estratégias de Assurnasirpal II, rei conhecido tanto por sua habilidade militar quanto pela brutalidade imposta aos inimigos.
Ainda que alguns especulem se o relevo seria uma prova do mergulho autônomo na Antiguidade, estudiosos afirmam que a cena ilustra o uso prático dessas boias infláveis — uma solução simples, mas eficaz, que ajudou os assírios a manter seu domínio sobre a Mesopotâmia até a queda do império por volta de 600 a.C.
A inscrição cuneiforme que acompanha o painel reforça o caráter propagandístico da obra, exaltando a linhagem e os feitos do rei. Além disso, a perspectiva bidimensional da arte assíria mantém todas as figuras visíveis, mesmo em um cenário aquático, característica típica desse estilo artístico milenar.
Segundo o 'Live Science', este testemunho visual não apenas revela a engenhosidade técnica dos assírios, mas também oferece um raro vislumbre das complexas táticas militares que sustentaram um dos maiores impérios da Antiguidade.