Testemunho do comandante Anton Kaindl, divulgado após 80 anos, descreve experimentos cruéis e assassinatos em massa realizados pelos nazistas
Um testemunho perturbador, mantido em segredo por quase oito décadas, acaba de vir à tona, revelando em detalhes os horrores cometidos no campo de concentração de Sachsenhausen, na Alemanha. Documentos soviéticos desclassificados e divulgados pela agência de segurança russa FSB trazem à luz a confissão de Anton Kaindl, comandante do campo entre 1942 e 1945, que admitiu supervisionar experimentos brutais com prisioneiros.
Entre os crimes relatados, Kaindl descreveu testes com uma nova granada de mão, lançada em uma sala cheia de detentos para avaliar sua eficácia. O comandante também relatou métodos sistemáticos de extermínio: enforcamento em uma "forca móvel", execuções a tiros em salas especiais, assassinatos em câmaras de gás e até envenenamento de alimentos e injeções letais.
Sachsenhausen, criado em 1936 para prisioneiros políticos — incluindo o próprio filho de Josef Stalin —, abrigou judeus, soldados soviéticos e diversos outros grupos perseguidos pelo regime nazista. Antes de ser libertado em abril de 1945, o campo se tornou um laboratório para aperfeiçoar técnicas de morte em massa, que mais tarde seriam replicadas em Auschwitz e outros campos.
Segundo o 'Daily Mail', Kaindl foi capturado pelas forças aliadas em 1945, testemunhou nos julgamentos de Nuremberg e posteriormente foi entregue às autoridades soviéticas. Condenado à prisão perpétua e trabalhos forçados, morreu em 1948 em um campo russo.
O depoimento de 39 páginas divulgado agora não só reforça o entendimento dos crimes cometidos em Sachsenhausen, como também revela o treinamento de comandantes que mais tarde comandariam campos ainda mais mortíferos. Entre eles, Rudolf Höss, o futuro chefe de Auschwitz, que no campo alemão recebeu ordens de matar um colega da SS após uma falha de segurança.
Mesmo décadas depois, a busca por justiça continua. Em dezembro de 2024, um tribunal alemão reverteu a decisão que considerava Gregor Formanek, ex-guarda de Sachsenhausen, inapto para julgamento. Aos 100 anos, ele poderá ser julgado por cumplicidade nos assassinatos de milhares de prisioneiros.