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Discurso do diretor de 'Zona de Interesse' é denunciado por mais de 400 profissionais judeus de Hollywood

Discurso do diretor de 'Zona de Interesse' é denunciado por mais de 400 profissionais judeus de Hollywood

Éric Moreira Publicado em 19/03/2024, às 10h38

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Jonathan Glazer, diretor de 'Zona de Interesse' - Getty Images
Jonathan Glazer, diretor de 'Zona de Interesse' - Getty Images

Recentemente, mais de 450 profissionais criativos e executivos judeus de Hollywood assinaram uma carta aberta crítica ao discurso de Jonathan Glazer no Oscar 2024. Glazer, vale lembrar, é o diretor de 'Zona de Interesse', filme sobre a banalização da crueldade dos nazistas durante o Holocausto que venceu prêmio de Melhor Filme Internacional.

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Essa missiva, por sua vez, vem em resposta ao polêmico discurso do cineasta inglês, logo após receber o prêmio. Na ocasião, ele disse que as "escolher [do filme] foram feitas para refletir e nos confrontar no presente, não para dizer 'olhem o que eles fizeram', mas sim 'olhem o que fazemos agora.'"

Nosso filme mostra onde a desumanização leva ao pior. Moldou todo o nosso passado e presente. Neste momento, estamos aqui como homens que refutam o seu judaísmo e o Holocausto, sendo sequestrados por uma ocupação que levou ao conflito para tantas pessoas inocentes. [...] Sejam as vítimas de 7 de outubro em Israel ou do ataque em curso em Gaza, todas as vítimas desta desumanização, como podemos resistir?", completou na ocasião.

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Jonathan Glazer / Crédito: Getty Images

Logo após o discurso, Glazer foi aplaudido na cerimônia, mas nos dias que se seguiram a fala se mostrou bastante polêmica. Isso porque, segundo algumas das pessoas que assinaram a carta aberta, a fala foi mais um exemplo de pronunciamento de "ódio aos judeus", além de considerarem infeliz a comparação do assassinato em massa de judeus no Holocausto com a guerra israelita em Gaza, segundo a Variety.

"Não havia preocupação sobre como o povo judeu reagiria a um discurso como esse, aos aplausos àqueles distintivos vermelhos, quando nem mesmo nossos reféns eram mencionados, e é incrivelmente doloroso, incrivelmente doloroso", disse também à Variety o ator Brett Gelman. "É realmente desconcertante para mim que as pessoas tenham escolhido ficar em silêncio naquela noite."

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Já o rabino Marvin Hier, duas vezes vencedor do Oscar e fundador do Simon Wiesenthal Center, afirma que não só as palavras de Glazer o chocaram, como também a recepção a elas na cerimônia do Oscar 2024: "Eu não conseguia acreditar. Se eu não soubesse melhor, pensaria que se tratava de uma manifestação do Hamas. Onde estava o público? As pessoas deveriam ter se levantado e vaiado porque ele deixou o Oscar [audiência de TV] pensando que estava tudo bem."

Carta-aberta

Confira a seguir a carta-aberta assinada pelos judeus de Hollywood na íntegra:

"Somos criativos, executivos e profissionais judeus de Hollywood.

Refutamos o fato de o nosso judaísmo ter sido sequestrado com o propósito de estabelecer uma equivalência moral entre um regime nazista que procurou exterminar uma raça de pessoas e uma nação israelita que procura evitar o seu próprio extermínio.

Cada morte de civis em Gaza é trágica. Israel não tem como alvo civis. Tem como alvo o Hamas. No momento em que o Hamas libertar os reféns e se render, será o momento em que esta guerra dolorosa terminará. Isto tem sido verdade desde os ataques do Hamas de 7 de outubro.

A utilização de palavras como "ocupação" para descrever um povo judeu indígena que defende uma pátria que remonta a milhares de anos e que foi reconhecida como um Estado pelas Nações Unidas, distorce a história.

Dá credibilidade ao moderno libelo de sangue que alimenta um crescente ódio antijudaico em todo o mundo, nos Estados Unidos e em Hollywood. O atual clima de crescente anti-semitismo apenas sublinha a necessidade do Estado Judeu de Israel, um lugar que sempre nos acolherá, como nenhum Estado o fez durante o Holocausto retratado no filme do Sr. [Jonathan Glazer]."