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Notícias / Biologia

Descoberto predador de 506 milhões de anos com aparência de mariposa

Fóssil do Mosura fentoni, encontrado nos Xistos de Burgess, revela nova espécie de radiodonte com características inéditas

Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 14/05/2025, às 17h10

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Fóssil do Mosura fentoni - Divulgação/Jean-Bernard Caron
Fóssil do Mosura fentoni - Divulgação/Jean-Bernard Caron

Paleontólogos do Museu de Manitoba e do Museu Real de Ontário (ROM), no Canadá, anunciaram a descoberta de uma nova e extraordinária espécie pré-histórica nos Xistos de Burgess, um dos sítios fossilíferos mais importantes do mundo.

Batizado de Mosura fentoni, o animal viveu há cerca de 506 milhões de anos e apresentava uma combinação impressionante de características: corpo do tamanho de um dedo, três olhos, garras espinhosas, nadadeiras laterais e uma boca circular com dentes.

Apesar de seu pequeno porte, o M. fentoni era um predador formidável e pertence ao grupo extinto dos radiodontes, os primeiros artrópodes a surgirem na árvore evolutiva. No entanto, ele se destaca dos demais por uma adaptação anatômica única: um "abdômen" composto por 16 segmentos, nunca antes observado nesse grupo.

A descoberta, publicada nesta quarta-feira, 14, na revista Royal Society Open Science, levanta novas questões sobre a ecologia e o comportamento dos primeiros artrópodes. "Não sabemos exatamente o motivo desse abdômen segmentado, mas pode estar relacionado ao habitat ou à forma de nadar do animal", disse Jean-Bernard Caron, coautor do estudo e curador do ROM.

Segundo a 'Revista Galileu', durante as escavações, os pesquisadores apelidaram o fóssil de "mariposa-do-mar" devido à semelhança de suas nadadeiras centrais com asas de mariposa — uma inspiração direta para o nome científico Mosura, em referência à criatura Mothra dos filmes japoneses, inimiga e às vezes aliada de Godzilla.

Impressionante

A anatomia interna do M. fentoni também impressiona. Graças à excepcional preservação dos fósseis, os cientistas conseguiram identificar partes de seus sistemas digestivo, nervoso e circulatório. "Podemos ver vestígios dos nervos ligados aos olhos, o que indica que ele tinha um processamento visual relativamente complexo, como os artrópodes modernos", explicou Caron.

Ao contrário dos humanos, essa criatura possuía um sistema circulatório aberto. O coração bombeava sangue para grandes cavidades internas, chamadas de lacunas, que foram preservadas nos fósseis como manchas reflexivas. "Essa preservação detalhada nos ajuda a entender estruturas similares encontradas em outros fósseis menos completos", afirmou Joe Moysiuk, autor principal do artigo.

A descoberta do Mosura fentoni reforça a ideia de que os primeiros artrópodes já eram surpreendentemente diversos e bem adaptados, muito antes do surgimento de formas modernas como aranhas e caranguejos. Para os cientistas, a nova espécie não só amplia o conhecimento sobre os radiodontes, como também lança luz sobre os caminhos iniciais da evolução de sistemas biológicos complexos.

"Estudar essas criaturas nos permite traçar uma linha contínua entre o passado profundo e os animais que vemos hoje. Cada novo fóssil é uma janela para os primeiros experimentos da vida na Terra", conclui Moysiuk.