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Notícias / Arqueologia

Descoberta arqueológica em Ítaca pode revelar base histórica da "Odisseia"

Inscrições e artefatos sugerem culto a Odisseu e consolidam sítio como possível cenário do poema épico de Homero; entenda!

Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 24/06/2025, às 18h20 - Atualizado em 27/06/2025, às 08h26

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Achado relembra descobertas de 1930 sobre o herói - Ministério da Cultura da Grécia
Achado relembra descobertas de 1930 sobre o herói - Ministério da Cultura da Grécia

Arqueólogos na Grécia acreditam estar cada vez mais perto de identificar as raízes históricas do clássico épico "Odisseia", de Homero, graças a diversas descobertas feitas no sítio conhecido como Escola de Homero, na ilha de Ítaca.

As escavações recentes revelaram inscrições e estruturas que indicam a possível existência de um santuário dedicado a Odisseu, figura central do poema.

Uma das descobertas mais relevantes é uma cisterna subterrânea datada dos séculos 14 a 13 a.C., durante o período micênico, o que fortalece a teoria de que a área pode ter sido parte de um centro urbano palaciano, semelhante ao descrito na obra homérica.

O local — que integra uma rede de oito sítios micênicos — parece ter funcionado como ponto de supervisão portuária e gestão de recursos hídricos, funções centrais no mundo descrito na "Odisseia".

Culto ao herói

Entre os achados mais significativos estão duas inscrições em grego antigo. A primeira, ΟΔΥCCEOC, está no caso genitivo e pode indicar um local consagrado a Odisseu — um templo ou palácio, por exemplo. A segunda, ΟΔΥCCEI, aparece em uma possível oferenda deixada por um peregrino. Ambas reforçam a ideia de veneração local ao personagem lendário.

Fragmento com parte do nome de Odisseu - Ministério da Cultura da Grécia

Essas novas evidências dialogam com achados anteriores, como uma gravura descoberta na década de 1930 na caverna da Baía de Polis, que dizia: "ΕΥΧΗΝ ΟΔΥCCΕΙ" — traduzido como “Obrigado, Odisseu”. Também foram encontrados no local bustos de bronze, moedas antigas de Ítaca e outras referências ao herói no material escavado.

De acordo com comunicado do Ministério da Cultura da Grécia, essas descobertas consolidam a Escola de Homero como um complexo público religioso e político importante, com função de peregrinação entre os períodos helenístico e romano.

Evidências 

As escavações revelaram camadas de ocupação humana desde o Neolítico Final (cerca de 4.000 a.C.), incluindo dezenas de ferramentas de sílex e fragmentos de cerâmica. Já da Idade do Bronze, surgiram fragmentos de vasos datados entre os séculos 14 e 13 a.C.

Ruínas na ilha grega de Ítaca - Ministério da Cultura da Grécia

O volume mais expressivo de material, no entanto, é dos períodos helenístico e romano antigo (até o século 2 d.C.), com destaque para: mais de 100 moedas de várias cidades gregas, indicando um fluxo constante de visitantes; oito fragmentos de perirantherias, vasos rituais comuns em santuários, 34 fragmentos de oferendas votivas de argila, joias de ouro e objetos de bronze, além de dezenas de pequenas estátuas e utensílios cerimoniais.

Implicações 

Embora a existência de um Odisseu histórico ainda seja alvo de debate entre estudiosos, a relevância da figura como símbolo político, cultural e religioso na Grécia Antiga se fortalece com essas descobertas. 

A convergência entre a literatura, a religião e a arqueologia neste local nos oferece uma nova lente para interpretar a 'Odisseia' — não apenas como mito, mas como reflexo de um passado vivido e cultuado”, afirma o comunicado oficial.

A arqueologia, ao desvendar as camadas físicas de Ítaca, pode estar ajudando a aproximar a lenda do herói errante a uma realidade histórica complexa e venerada.