A construção de templos sempre acompanhou a história da humanidade. Confira alguns exemplares curiosos!
Os templos sempre acompanharam a história da humanidade. Hoje, muralhas de templos antigos costumam ter relíquias curiosas, algumas das quais são a única evidência da existência desses poderosos locais de culto.
Mas nem todos os templos são compostos por ruínas e cerâmicas poeirentas. Muitos ainda estão em serviço ou são o produto de novas religiões. Enquanto locais antigos contam histórias de guerras bíblicas e deuses sangrentos, templos modernos são marcados por um sucesso incomum, com partes substituídas digitalmente e apropriadas para o entendimento da diversidade religiosa.
Confira abaixo cinco locais de culto curiosos ao redor do mundo:
1. Templo Ryuguji e os Ossos de Sereia
Templo Ryuguji / Reprodução
Ao visitar o templo budista Ryuguji, na cidade de Fukuoka, Japão, não deixe de contemplar esse estranho tesouro: os restos de uma sereia, encontrada às margens da Baía de Hakata, na ilha japonesa de Kyushu. Os visitantes podem ver seis ossos, supostamente os últimos restos mortais da sereia que foi encontrada por pescadores no século 13.
Após um xamã ter considerado sua aparência um bom presságio, o esqueleto foi enterrado no templo de Ukimido que, após receber o artefato, mudou seu nome para Ryugu-jo, que significa “palácio submarino do deus dragão”. A "sereia" permanece até hoje no templo Ryuguji.
"Sereia" encontrada no templo budista Ryuguji / Reprodução
No Japão, nação rodeada pelo mar, lendas sobre sereias são contadas milenarmente. Mas as sereias japonesas não são como as ocidentais: chamadas de ningyo, esses seres parecidos com peixes são descritos como tendo chifres e dentes pontiagudos, sendo mais "demoníacas" que as sereias ocidentais. Pesquisadores acreditam que os restos presentes no templo, longe de serem uma ningyo do Japão antigo, pertenceriam a algum animal marinho, como um boto ou dugongo. Sereia ou não, o interessante a ser destacado foi o valor de culto que os japoneses depositaram no espécime.
2. Templo Aravalli dos Leopardos
Templo próximo à vila de Bera, Índia / Reprodução
As colinas de Aravalli, no norte da Índia, abrigam a maior concentração mundial de leopardos. Embora esses animais tenham sido rotineiramente abatidos por caçadores e aldeões temerosos, os leopardos de Aravalli prosperaram devido a uma incrível reviravolta: uma vila próxima os adora. O integrantes da vila de Bera, pertencentes à etina Rabari, são devotos seguidores do deus Shiva -- protetor das coisas selvagens que utiliza uma tanga com pele de leopardo.
A maioria dos Rabari acredita que cuidar da vida selvagem é seu dever, e passa parte de seu tempo alimentando macacos selvagens e pavões nos templos próximos. Perto da aldeia, um templo é frequentado principalmente por leopardos e adorado pelos aldeões. Um jornalista visitante da National Geographic testemunhou essa tolerância mútua: os aldeões, ao chegarem com oferendas diversas, não mostraram medo quando dois leopardos adultos passaram pela abertura do santuário. O par de animais, por sua vez, ignorou os humanos e passou a brincar próximo ao templo.
De fato, exceto por um incidente não fatal há cerca de 20 anos, nenhum ser humano em Bera havia sido atacado pelos leopardos, que em certas ocasiões matam apenas gado. Mas quando isso acontece, os aldeões aceitam a morte como um sacrifício para Shiva.
3. Dendur digital
Projeção digital sobre o templo de Dendur / Reprodução
O Templo de Dendur, erguido em honra da deusa Isis na margem ocidental do Rio Nilo por volta do ano 13 a.C., era um dos vários locais de culto do povo egípcio. Hoje, suas paredes se localizam em Nova York e fazem parte do acervo do Metropolitan Museum of Art. Já os visitantes podem observar os imponentes painéis antigos.
As cores dos painéis de Dendur, outrora vivas e brilhantes, se tornaram beges pelo tempo e pelas inundações sucessivas do rio Nilo. Mas em 2016 o Museu criou uma estratégia que transporta os visitantes para ainda mais perto da cultura egípcia: graças à tecnologia de projeção de luz, cores vivas iluminam uma cena que mostra os deuses Hathor e Hórus recebendo oferendas do imperador romano Augusto. É possível destacar uma única área ou alternar entre diferentes esquemas de cores.
O projeto envolveu uma acurada investigação no domínio da história da arte e, em particular, sobre a simbologia das cores na arte egípcia, quer através de análises do próprio templo, incluindo exames laboratoriais, ou de outros edifícios e fragmentos arquitetônicos.
4. Templo dos Tigres
Templo dos Tigres / Reprodução
O "Wat Pha Luang Ta Bua", templo de budismo Theravada localizado na Tailândia, também era comumente chamado de “Templo dos Tigres”. Fundado em 1994 como refúgio de floresta e santuário de animais selvagens, ele abrigava monges e vários espécimes de tigres, de filhotes a adultos, comumente acariciados por visitantes.
Entretanto, nos últimos anos, a imagem sagrada desse templo tem sido rachada: relatórios oficiais confirmam o maltrato desses animais por parte dos administradores. Voluntários estrangeiros encontraram 40 filhotes mortos em freezers, e alegações do abuso e tráfico desses animais começaram a surgir. A polícia, veterinários, soldados e funcionários públicos trabalharam juntos para remover os tigres, muitos dos quais estavam cegos ou doentes crônicos. Todos os predadores foram transferidos para santuários oficiais.
5. Vale do Amanhecer
Vale do Amanhecer em Planaltina / Reprodução
O movimento conhecido como Sunrise Valley tem 800.000 membros e 600 templos afiliados em todo o mundo. E seu centro espiritual está no Brasil, onde se encontra o Vale do Amanhecer. O lugar, que fica na cidade satélite de Planaltina, Distrito Federal, a 50 km de Brasília, pratica um sincretismo complexo entre elementos do cristianismo, espiritismo, misticismo, religiões afro-brasileiras, crenças egípcias e lendas sobre discos voadores, lembrando um parque temático com réplicas das maravilhas do mundo.
No complexo há uma pirâmide, estátuas elípticas, centros de oração e templos em forma de nave espacial. Os temas relacionados a extraterrestres não são por acaso: os membros do Sunrise Valley acreditam serem descendentes de alienígenas chamados Jaguars, que teriam chegado à Terra 32 mil anos atrás e continuam retornando em diferentes encarnações. O complexo de templos é utilizado para meditações e rituais envolvendo médiuns e espíritos.
Tia Neiva e o Vale do Amanhecer / Reprodução
O movimento foi criado por uma médium e motorista de caminhão chamada Neiva Chaves Zelaya, ou Tia Neiva, após experimentar visões psíquicas em 1959. Ela se baseou no cristianismo, no judaísmo, no hinduísmo, no antigo Egito e no Império Inca para moldar uma religião complexa e cercada por cores fortes e roupas de lantejoulas -- após conhecer os seguidores do Sunrise Valley, é impossível esquecê-los.