Desde queda de ditador, país vive profunda instabilidade política e social; no entanto, segue atraindo milhares de turistas
A Líbia é considerada um dos destinos mais perigosos do mundo. Desde a queda do ex-ditador Muammar Gaddafi, em outubro de 2011, o país vive uma instabilidade política e social profunda.
Gaddafi foi removido com o apoio da OTAN, mas a transição para um governo estável nunca se concretizou. Desde então, a Líbia tem sido palco de intensos conflitos entre facções rivais, do leste ao oeste do país.
A presença de milícias islâmicas e grupos terroristas, como o ISIS, agravou ainda mais a situação. A luta constante pelo poder e a falta de controle centralizado resultaram em uma divisão política e territorial persistente.
Esses conflitos fizeram com que diversos países classificassem a nação africana como um destino altamente inseguro para turistas. Segundo o site The Economic Times, o Departamento de Estado dos Estados Unidos, por exemplo, emitiu um alerta de viagem de Nível 4 — o mais elevado — desaconselhando visitas ao local, devido a ameaças como "crime, terrorismo, minas terrestres não detonadas, distúrbios civis e sequestros".
Da mesma forma, o governo do Reino Unido desaconselha qualquer tipo de viagem à Líbia, apontando a instabilidade da segurança, que pode "se agravar sem aviso prévio".
Atualmente, o governo líbio, liderado pelo primeiro-ministro Abdul Hamid al-Dabaib, tem dificuldades para restaurar a ordem no país, que continua em uma crise política sem solução clara. A situação de segurança permanece volátil, com turistas enfrentando riscos constantes, incluindo o perigo de se verem no meio de conflitos armados.
Apesar de todos os desafios, a Líbia atrai cerca de 100 mil turistas internacionais por ano, de acordo com o site Travel and Tour World. Esse fenômeno faz parte do crescente movimento de "turismo de perigo", onde viajantes buscam experiências extremas em locais raros, mesmo em países com instabilidade política e violência.
O apelo da Líbia reside principalmente em sua rica herança histórica e cultural. O país abriga alguns dos locais arqueológicos mais impressionantes do mundo, como as ruínas romanas de Leptis Magna e Sabratha, ambas Patrimônios Mundiais da Humanidade da UNESCO.
Leptis Magna, fundada no século VII a.C., foi uma das cidades mais prósperas do Império Romano, especialmente durante o reinado do imperador Septímio Severo. Suas ruínas incluem o Teatro de Leptis Magna, com capacidade para mais de 5.000 espectadores, o Arco de Septímio Severo e o Fórum de Leptis Magna.
Já Sabratha, localizada na costa do Mediterrâneo, foi uma próspera cidade portuária e comercial durante o domínio romano. Fundada no século V a.C. pelos fenícios, ela se tornou uma cidade romana vital no comércio entre o império e as regiões do Norte da África.
Os vestígios mais imponentes da cidade são o Teatro de Sabratha, com uma vista para o mar, e o Templo de Juno Caelestis, dedicado à deusa africana da fertilidade. A cidade também possui mosaicos e monumentos que revelam a convivência entre as culturas romana, púnica e africana, evidenciando a diversidade cultural da região.
Além disso, o deserto do Saara, que cobre grande parte da Líbia, também atrai turistas devido às dunas e oásis fascinantes. O Saara foi uma rota comercial histórica, e vestígios de antigas civilizações ainda podem ser encontrados em locais como Germa, onde os Reinos de Fezzan prosperaram.
O país também abriga outras maravilhas históricas, como os Oásis de Ghadames e Kufra, oferecendo aos turistas a chance de explorar a grandiosidade de civilizações que existiram há milhares de anos.