Disponível em português e inglês, a versão "invertida" do mapa-múndi reacende debates acadêmicos sobre o papel político e ideológico da cartografia
O IBGE divulgou uma nova versão "invertida" do mapa-múndi, com o Brasil no centro e o Sul Global na parte superior. A iniciativa dá continuidade ao lançamento do ano passado e está disponível em português e inglês para compra no site do instituto.
Segundo o presidente do IBGE, Márcio Pochmann, a nova edição celebra o papel de destaque do Brasil em fóruns internacionais em 2025 — como a presidência do BRICS e do Mercosul e a realização da COP 30, em Belém.
De acordo com o portal O Globo, o mapa destaca os países dos blocos BRICS e Mercosul, os de língua portuguesa, o bioma amazônico, além do Rio de Janeiro como capital dos BRICS, Belém como sede da COP 30 e o Ceará como anfitrião do Triplo Fórum.
Em nota, o IBGE afirmou que "não existe uma razão técnica para colocar os pontos cardeais nas direções convencionais e, portanto, a representação tradicional é tão correta quanto a representação invertida".
A proposta reacende debates acadêmicos sobre o papel político e ideológico da cartografia. Mapas com o Norte Global no topo são vistos por especialistas como reforços visuais de hierarquias coloniais e eurocêntricas.
Um símbolo dessa contestação é a obra "América Invertida" (1943), do uruguaio Joaquín Torres-García, que propôs valorizar a perspectiva do Sul Global. Críticas também recaem sobre a projeção de Mercator, comum em escolas, por distorcer proporções e reforçar desigualdades geográficas.