Achado raro em Leuven, na Bélgica, revela sistema de água avançado e pode reescrever o papel da cidade no Império Romano
Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 10/05/2025, às 11h30 - Atualizado em 14/05/2025, às 17h40
Uma descoberta arqueológica incomum chamou grande atenção recentemente em Leuven, na Bélgica, onde escavações de rotina revelaram um cano d’água de madeira da era romana surpreendentemente bem preservado. Datado de entre os séculos 1 e 3, o achado foi descrito pela prefeitura como "único e excepcional" e promete lançar nova luz sobre o passado romano da região.
O cano foi encontrado a cerca de quatro metros abaixo do nível atual da Brusselsestraat, durante obras para a construção de uma nova residência estudantil. Com cerca de 20 a 30 metros de comprimento, o encanamento é formado por troncos ocos de aproximadamente 1,8 metro cada, unidos para formar uma linha contínua.
Segundo o 'Archaeology News, é a primeira vez que um cano de madeira completo desse tipo é descoberto na região de Flandres. Em achados anteriores, como nas cidades de Tienen e Tongeren, os vestígios já estavam totalmente deteriorados.
A preservação do cano se deve ao solo pantanoso e pobre em oxigênio do vale do rio Dyle, que impediu a decomposição da madeira por quase dois milênios. Além disso, os arqueólogos ficaram intrigados ao encontrar na superfície do cano indícios do que parece ter sido uma instalação de bombeamento romana, sugerindo um sistema de gerenciamento hídrico mais avançado do que se imaginava para um local como Leuven.
Na época romana, Leuven era um pequeno assentamento estrategicamente posicionado próximo a uma estrada militar que conectava à Via Belgica, a principal rota entre Colônia (Alemanha) e Boulogne-sur-Mer (França).
Embora o tamanho de Leuven na época romana fosse limitado, descobertas como esta provam que a presença romana aqui certamente não foi acidental", afirmou Dirk Vansina, vereador de Obras Públicas.
Os próximos passos incluem a transferência do cano para um laboratório especializado, onde será submetido à análise dendrocronológica (técnica que permite datar a madeira por meio de seus anéis de crescimento) para obter uma datação mais precisa.
O objeto passará também por um processo de liofilização, essencial para sua preservação a longo prazo, com a expectativa de que um dia possa ser exibido ao público em museus ou exposições dedicadas à herança romana da região.
