Pesquisadores realizaram a alteração genética acidentalmente, em seu processo para entender a importância de proteína no desenvolvimento do animal
Um grupo de pesquisadores do Instituto Gulbenkian de Ciência, em Portugal, desenvolveu uma criatura digna de um filme de ficção científica: um camundongo com seis patas. Os membros adicionais surgiram onde normalmente estariam os órgãos genitais.
Esta não é a única peculiaridade do roedor, já que muitos de seus órgãos internos, como o intestino, estão fora do abdômen. Criado acidentalmente graças a modificações genéticas, o animal foi descrito em um artigo científico publicado no último dia 20 de março, na revista Nature Communications.
Os cientistas envolvidos no desenvolvimento da criatura apontaram que ela pode oferecer informações significativas sobre a Tgfbr1, uma proteína receptora que realiza um papel crucial no desenvolvimento embrionário. Inicialmente, os cientistas investigavam o papel dessa proteína na formação do embrião de camundongos.
Assim, os pesquisadores desativaram o gene da proteína Tgfbr1 na metade do desenvolvimento dos embriões de roedores, para observar o impacto na formação da medula espinhal. Para surpresa da equipe, uma das cobaias desenvolveu membros extras no local onde normalmente estariam os órgãos genitais.
Esse resultado inesperado revelou que a proteína Tgfbr1 desempenha um papel crucial na determinação se as estruturas embrionárias se desenvolverão como genitália ou como patas. Além disso, a molécula influencia o processo de replicação do material genético.
A desativação do gene da proteína Tgfbr1 resultou em uma alteração na atividade de outros genes, e consequentemente, na modificação observada. Agora, os pesquisadores estão interessados em determinar se essa proteína e estruturas similares podem influenciar a organização do DNA em outros sistemas, como no câncer metastático.
Além disso, os pesquisadores analisam se esse mecanismo está envolvido no desenvolvimento do hemipênis reptiliano, um órgão genital duplo que, em cobras, também se forma a partir de estruturas primárias no lugar dos membros.