Comportamento atípico de galáxia despertou o interesse de uma equipe internacional de pesquisadores, que passou a monitorá-la de perto
Durante muito tempo, a galáxia SDSS1335+0728, situada na constelação de Virgem a 300 milhões de anos-luz da Terra, não chamou tanta atenção dos astrônomos. No entanto, nos últimos anos, ela começou a despertar curiosidade ao exibir um brilho inesperadamente intenso e a emitir explosões regulares de raios-X.
Esse comportamento atípico despertou o interesse de uma equipe internacional de pesquisadores, que passou a monitorá-la de perto. O resultado dessas observações foi publicado recentemente na revista Nature Astronomy.
Segundo Lorena Hernandez-Garcia, líder do estudo, este é um evento raro e oferece uma oportunidade inédita de acompanhar a atividade de um buraco negro supermassivo em tempo real. "Trata-se da primeira vez que um fenômeno dessa proporção é registrado, e temos muitas perguntas em aberto a serem respondidas", afirmou ela à AFP.
De acordo com o portal Galileu, na maioria das galáxias, inclusive na Via Láctea, há um buraco negro supermassivo em seu centro. Esses objetos cósmicos consomem tudo ao seu redor, inclusive a luz, e muitas vezes passam por longos períodos de inatividade, como era o caso de SDSS1335+0728.
Quando uma estrela se aproxima demais de um buraco negro, ela pode ser destruída, com seus fragmentos girando ao redor do núcleo em um disco de acreção antes de serem engolidos. No entanto, esses eventos são esporádicos. O que chamou atenção no caso de SDSS1335+0728 é que seu buraco negro, agora chamado pelos cientistas de "Ansky", começou a apresentar erupções quase periódicas (QPEs) de raios-X, sem sinais claros de ter consumido uma estrela recentemente.
Essas explosões são extraordinárias. Segundo Joheen Chakraborty, membro da equipe, cada erupção de Ansky dura dez vezes mais e é dez vezes mais luminosa que os QPEs típicos, liberando até cem vezes mais energia do que o observado em casos semelhantes. Além disso, o intervalo de 4,5 dias entre as explosões é o mais longo já registrado.
Esse comportamento desafiou os modelos existentes. Uma das novas teorias sugere que o disco de acreção é alimentado por gás e que as erupções ocorrem quando pequenos objetos celestes cruzam esse disco em ângulos específicos. Contudo, como as pesquisas ainda estão em estágio inicial, os cientistas reconhecem que ainda há muito a descobrir sobre o que está acontecendo na região de SDSS1335+0728.