Levantamento feito pela plataforma de ensino de idomas Preply indica que os brasileiros são as pessoas mais propensas a sentir desconforto no silêncio
Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 22/01/2025, às 18h47 - Atualizado às 18h51
Eles podem causar desconforto, “pesar” o clima de um encontro e surgem em inúmeros contextos — dos desabafos nas mesas de bar às apresentações escolares, passando por discussões de relacionamento, jantares em família e reuniões profissionais. Afinal, qual é a nossa relação com os famosos silêncios constrangedores, temidos por muitos, mas inevitáveis em boa parte das interações sociais?
Se esses momentos costumam gerar ansiedade, saiba que isso tem raízes culturais. Um estudo recente da Preply, plataforma especializada no ensino de idiomas, revelou que os brasileiros são a população menos confortável com pausas inesperadas durante conversas. Segundo o levantamento, 85% dos entrevistados no Brasil afirmaram sentir desconforto com o silêncio em interações sociais.
O estudo identificou que o Brasil também possui o limiar mais curto para o desconforto causado pelo silêncio: apenas 5,5 segundos de pausa já são suficientes para incomodar os brasileiros. Em comparação, os britânicos suportam até 7,1 segundos e os japoneses, 7,8 segundos antes de começarem a se sentir desconfortáveis.
A pesquisa da Preply entrevistou 26.719 pessoas de 21 países, incluindo cerca de 2 mil brasileiros, explorando situações em que os silêncios são mais temidos. Entre as respostas, os participantes mencionaram desde términos de relacionamento até reuniões profissionais e eventos como funerais.
O desconforto dos brasileiros com silêncios é ainda mais evidente quando comparado a outras culturas, como as da Tailândia e Alemanha. Nesses países, 78% dos entrevistados admitiram sentir incômodo com pausas durante conversas, percentual inferior aos 85% registrados no Brasil. Essa diferença pode refletir o estilo comunicativo mais caloroso e expressivo dos brasileiros.
Ainda assim, a tolerância ao silêncio varia dentro do Brasil. Por exemplo, mulheres demonstraram maior desconforto em situações delicadas, como funerais e momentos de conflito. Já entre as gerações, 72,2% dos jovens da geração Z relataram dificuldades com silêncios em discursos públicos, enquanto apenas 36,2% dos baby boomers disseram sentir o mesmo.
Algumas situações específicas se destacam como grandes “gatilhos” para silêncios constrangedores. Conforme os entrevistados:
No ambiente profissional, os silêncios também têm grande impacto. 22% dos entrevistados apontaram reuniões presenciais como o momento mais desconfortável, seguidas por alinhamentos à distância (15,9%) e comunicações online (10,9%).
Chefes, por sua vez, são os campeões de interações propensas a pausas constrangedoras, superando parentes distantes (27,8%), sogros (15,4%) e amigos (11,6%).
Para entender como diferentes culturas lidam com silêncios constrangedores, a Preply conduziu entrevistas com 26.719 pessoas em 21 países ao longo do último mês.
No Brasil, cerca de 2 mil entrevistados responderam a 15 perguntas sobre a frequência com que enfrentam pausas incômodas e os contextos onde elas mais ocorrem. Os resultados foram organizados em rankings, detalhando as situações mais citadas pelos participantes.