Indivíduos viveram em diferentes regiões e períodos, como Irlanda durante o Neolítico (3.500 a.C.) e na Espanha da Idade do Ferro (600 a.C.)
Os restos mortais de seis crianças com síndrome de Down, que viveram há cerca de 5 mil anos, foram encontrados em diferentes regiões da Europa, em épocas distintas. A descoberta foi divulgada em estudo publicado na revista Nature Communications.
A pesquisa, encabeçada por Adam 'Ben' Rohrlach, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva (MPI-EVA) na Alemanha, analisou 9.855 genomas e resquícios de esqueletos. Desta forma, os cientistas detectaram seis amostras com três cópias do cromossomo 21.
Também conhecido como Trissomia 21, a alteração genética, responsável pela Síndrome de Down, é causada por um erro na divisão celular de um indivíduo durante sua fase embrionária. Como resultado, ao invés dos portadores nascerem com dois cromossomos 21, eles possuem três.
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Conforme repercutido pela revista Galileu, acredita-se que essas crianças morreram pouco após virem ao mundo; sendo que apenas dois deles viveram por um período maior: um entre os 12 e 16 meses; e outro até os seis meses.
Sabe-se também que os seus indivíduos viveram em diferentes regiões e períodos: como na Irlanda durante o Neolítico (3.500 a.C.); na Bulgária, em 2.700 a.C, na Idade do Bronze; na Finlândia depois do período Medieval (1.720 a.C.); na Grécia da Idade do Bronze (1.300 a.C.); e na Idade do Ferro, na Espanha, em 600 a.C..
Um ponto curioso sobre esse último local, inclusive, é que lá também foi achado um indivíduo com três cópias dos cromossomos 18; ou seja, portador da Síndrome de Edwards, que causa, principalmente, atraso no desenvolvimento motor, baixo peso ao nascer, defeitos congênitos em órgãos, o que pode ser fatal, e cabeça pequena de formato anormal.
Os achados também permitiram um entendimento das condições das quais cada um dos indivíduos foram enterrados. Em todos os sepultamentos, seguiram-se as tradições de seus períodos e algumas inclusões de práticas especiais — como a colocação de objetos como anéis de bronze, colares de contas coloridas e conchas.
Os enterros parecem nos mostrar que esses indivíduos receberam cuidados e foram valorizados enquanto parte das suas sociedades antigas", afirma Rohrlach em nota.
No caso dos bebês que viveram na Idade do Bronze e do Ferro, eles foram sepultados dentro de casas ou locais próprios para tal ato; algo que, segundo os pesquisadores, mostra um certo privilégio e valor dado para eles. Já o indivíduo da Irlanda teve seu lugar de descanso em uma grande tumba.