Em 'Bebê Rena', nova série da Netflix, o público acompanha uma história de stalking; lançamento causou problemas na vida real
A nova sensação da Netflix, "Bebê Rena", surge como exemplo das produções que podem enfrentar desafios com o futuro código regulatório de streaming no Reino Unido. Criada e estrelada pelo comediante Richard Gadd, que afirma ter se inspirado em um caso de assédio real vivido por ele, a série despertou a curiosidade do público sobre a identidade da stalker Martha, interpretada por Jessica Gunning.
Embora a produção tenha tentado manter o anonimato da mulher real que inspirou a personagem, logo após o lançamento, muitos buscaram na internet pistas sobre sua identidade. Em entrevista na última quinta-feira, 10, a advogada escocesa Fiona Harvey revelou ser a inspiração por trás da personagem e assegurou que, na verdade, ela foi a vítima do assédio.
Em meio à controvérsia gerada pelo episódio, o Departamento de Digital, Cultura, Mídia e Esporte britânico lembrou à Netflix que o projeto de lei de mídia do Reino Unido concederá poderes ao regulador Ofcom para supervisionar o conteúdo nos serviços de streaming.
Segundo um porta-voz do governo, as emissoras britânicas devem seguir padrões para garantir proteção ao público, colaboradores e outros afetados. O novo código permitirá que espectadores e envolvidos reclamem sobre questões de precisão e conteúdo potencialmente prejudicial.
Especialistas regulatórios sugerem que, neste caso, Fiona Harvey poderia contestar a falta de privacidade contra a Netflix após ter sido identificada online. O projeto de lei sobre mídia está em tramitação na Comissão da Câmara dos Lordes e não deve ser concluído antes do próximo ano.
Segundo 'O Globo', empresas como a Netflix terão 12 meses para se adequar plenamente ao novo código. Fiona Harvey, em sua entrevista, destacou que a Netflix não a consultou antes do lançamento de "Bebê Rena" e que o programa a expôs a ameaças de morte e ligações de estranhos.
+ Bebê Rena: Como a Martha da vida real enxerga a série?
Figuras proeminentes da indústria britânica ecoaram as preocupações de Harvey. Richard Osman, ex-produtor de TV, descreveu "Bebê Rena" como o "paciente zero" da conformidade com a Netflix, enquanto Russell T Davies, showrunner de Doctor Who, comparou a abordagem da BBC à da Netflix em termos de responsabilidade.
O Deadline procurou a Netflix para comentar sobre seus padrões de proteção e se estariam em contato com Harvey após as supostas ameaças, mas não obteve resposta.
Embora "Bebê Rena" tenha recebido aprovação da chefe da Netflix no Reino Unido em 2020, Anne Mensah, a extensão da conformidade editorial da empresa na Grã-Bretanha permanece desconhecida.