Decisão divulgada nesta quinta-feira, 17, pela Suprema Corte foi tomada com a finalidade de estreitar os laços entre a Rússia e o Afeganistão
As autoridades russas anunciaram nesta quinta-feira, 17, a retirada do Talibã da lista de organizações terroristas do país, em uma medida que busca estreitar os laços entre Moscou e o governo do Afeganistão. A decisão foi divulgada pela Suprema Corte da Rússia e comunicada pelo juiz Oleg Nefedov, segundo agências de notícias locais.
A iniciativa partiu da promotoria russa, que havia solicitado em março a exclusão do grupo da lista, na qual figurava desde 2003. Apesar da decisão, Moscou ainda não reconhece formalmente o governo talibã, que voltou ao poder em agosto de 2021, após a retirada das tropas norte-americanas e a queda do governo afegão apoiado pelos EUA.
Segundo o portal O Globo, a mudança de postura ocorre num contexto em que a Rússia passou a enxergar o Talibã como um "mal menor" na Ásia Central, diante da crescente ameaça representada pelo braço regional do Estado Islâmico — uma visão que também tem sido adotada por países como China e Irã.
O Talibã, por sua vez, buscou ampliar suas relações comerciais com Moscou. Em setembro de 2022, o regime afegão firmou um acordo preliminar com a Rússia para a compra de trigo, gasolina, diesel e gás liquefeito de petróleo (GLP). Segundo o Ministério de Comércio e Indústria do Afeganistão, o pacto previa a aquisição anual de dois milhões de toneladas de trigo, um milhão de toneladas de diesel, um milhão de toneladas de gasolina e 500 mil toneladas de GLP.
Embora os valores não tenham sido revelados, autoridades afegãs informaram que os produtos foram vendidos com desconto. Do lado russo, os ministérios da Energia e Agricultura não se pronunciaram, mas o então enviado especial de Moscou para o Afeganistão, Zamir Kabulov, confirmou a existência do acordo.