Extintas das florestas do Rio de Janeiro há mais de 200 anos devido à caça, araras-canindés voltaram à região, após recuperação
Publicado em 18/06/2025, às 10h21
Um verdadeiro símbolo da fauna brasileira, habitando originalmente as florestas do Rio de Janeiro, a arara-canindé já não era mais vista em sua região de origem há mais de 200 anos, sendo extinta por conta da caça. Mas agora, o animal pode retornar, pouco a pouco.
Nesta semana, quatro aves desta espécie — que estavam há um ano em um parque em Aparecida, no interior de São Paulo, se recuperando de maus-tratos — retornam ao grande lar de 39 km². "Oriundas do tráfico. Animais que sofreram maus-tratos, passaram por atrito, todo aquele processo do tráfico. Eu consigo treinar esses animais para ver se eles têm condição de voar", disse o médico veterinário Gerson Norberto ao Jornal Nacional.
Também ao Jornal Nacional, o veterinário Jeferson Pires afirmou que uma das araras que retornam agora ao seu habitat — sendo elas um macho e três fêmeas — tem "total capacidade reprodutiva. E ela provavelmente vai ser um dos animais que vão conseguir criar descendentes na floresta".
No Parque Nacional da Tijuca, tem as condições ideais para sua sobrevivência, para sua reprodução e também para os serviços ecológicos que vão ajudar na própria manutenção dessa floresta", complementa Breno Herrera, gerente Regional Sudeste do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Agora, em vez de voltar imediatamente para a floresta, as araras ainda devem passar por um processo de ambientação ao novo lar, sendo mantidas ainda em um viveiro enorme no alto da floresta. A reintrodução da espécie é parte do Projeto Refauna — que busca reintroduzir espécies em seus locais de origem — com apoio do ICMBio e outras instituições.
"A gente coloca eles para começarem a se acostumar com sons, com a temperatura, com a umidade, com a presença das outras espécies. A gente vai fazer um treinamento, primeiro, para que elas entendam que os alimentos aqui são alimentos para elas. E o segundo, que elas não se aproximem de pessoas. Nós fazemos um treinamento para que elas tenham aversão a chegar perto de pessoas", explica o biólogo da URFJ e diretor-executivo da Refauna, Marcelo Rheingantz.
Agora, espera-se que a soltura total das araras deva ocorrer em até seis meses.