Imagens registradas por câmera de residência desmentem versão dada pelas autoridades
Dois adolescentes negros foram mortos por um policial branco em DeWitt, um distrito de Syracuse, Nova York, após tentarem fugir de uma abordagem, na semana passada.
Divulgadas ontem, 13 de setembro, imagens feitas pela câmera de uma residência, no entanto, desmentiram a versão dada pela polícia, que alegou que o agente responsável pelos disparos não tinha para onde correr e, portanto, agiu em legítima defesa.
O registro mostra a viatura do vice-xerife do condado de Onondaga, John Rosello, chegando em alta velocidade e parando perto de um dos dois veículos que estavam estacionados em uma área residencial do distrito, por volta das 6h30.
A princípio, algumas pessoas entram em um dos automóveis e deixam o local. Logo em seguida, Rosello sai da viatura e aponta sua arma em direção ao veículo branco onde estavam Dhal Apet, de 17 anos, e Lueth Mo, de 15. O carro dos adolescentes então dá marcha a ré e depois acelera, passando pelo lado esquerdo da viatura.
Nesse momento, o policial efetua vários disparos contra o veículo, que foi encontrado a menos de 2 km dali com a dupla já morta. Segundo informações do jornal Folha de S.Paulo, há relatos de que uma terceira pessoa não identificada teria fugido.
De acordo com a fonte, o vice-xerife estaria investigando roubos ocorridos na cidade e respondeu a uma denúncia sobre indivíduos transferindo itens de um carro para outro naquela área.
Em uma coletiva de imprensa realizada ontem, o xerife do condado, Tobias Shelley, alegou que o policial "não tinha para onde correr" e que o motorista do carro alvejado tentou atropelá-lo. No entanto, o vídeo divulgado mostra claramente que o policial conseguiu desviar do veículo sem dificuldades e não ficou preso entre o carro dos adolescentes e sua viatura.
Deka Dancil, diretor assistente do braço nova-iorquino da ACLU, uma organização de defesa dos direitos civis dos EUA, declarou que o vídeo deixa evidente que o policial atirou de forma desnecessária e com uma rapidez que frequentemente é usada contra jovens negros em Nova York.
O xerife Shelley, no entanto, reafirmou seu apoio a Rosello e anunciou que sua corporação continuará cooperando com a investigação conduzida pela procuradora-geral, Letitia James.