Restos de acampamento militar foram achados perto de Nuremberg, na Alemanha, e revela mais detalhes sobre a vida cotidiana da região no século 17
Publicado em 19/04/2025, às 10h29
Recentemente, arqueólogos da Baviera descobriram em Stein, próximo a Nuremberg, na Alemanha, os restos de um dos maiores acampamentos militares fortificados conhecidos da Guerra dos Trinta Anos.
O local foi encontrado durante um projeto de construção, e foi identificado como o acampamento estabelecido em 1632 do General Imperial Albrecht von Wallenstein, que liderou suas tropas em uma campanha contra as forças suecas sob o comando do rei Gustavo Adolfo II.
Conforme repercute o Archaeology News, a Guerra dos Trinta Anos foi responsável por devastar grande parte da Europa, em especial os estados alemães, que tiveram sua população reduzida em mais da metade. O conflito começou como um embate religioso entre católicos e protestantes, mas eventualmente evoluiu para um conflito político mais amplo entre potências como Suécia, França, Espanha e o Império Habsburgo.
A escavação do local ocorreu entre maio de 2022 e março de 2023, e foi realizada pelo Escritório Estatal da Baviera para a Preservação de Monumentos (BLfD). Lá, foi descoberto que o acampamento de Wallenstein se estendia ainda mais ao sul do que se pensava até então.
A primeira surpresa foi que as escavações acabaram no meio do acampamento de Wallenstein", afirmou em comunicado a chefe do Departamento de Patrimônio Arqueológico do BLfD, Stefanie Berg. "O curso exato das linhas de fortificação ao sul era desconhecido com base em mapas históricos. Agora sabemos que o acampamento de Wallenstein se estendia mais ao sul do que se supunha".
Ainda no comunicado, os pesquisadores descrevem que o acampamento chegou a abrigar cerca de 50 mil soldados, 15 mil cavalos e 30 mil civis, que consistiam em comerciantes, artistas e parentes de soldados que acompanhavam o exército. Os arqueólogos desenterraram por lá vários artefatos que revelam mais sobre o cotidiano no local, revelando mais sobre como era a vida no assentamento em tempos de guerra.
Entre os objetos, estão botões, fivelas, tesouras, facas, contas de vidro, fragmentos de cerâmica, fios de prata, um dedal, uma espiral de fuso para fiar, restos de kits de costura, além de várias moedas. Entre as moedas, inclusive, estão moedas de Kreuzer com o retrato do Eleitor Maximiliano I da Baviera e do Imperador Fernando III — que facilitaram a localização temporal do assentamento.
Também foram encontradas vidraças derretidas da coroa, e restos de balas de mosquete de chumbo, o que sugere que o vidro possivelmente serviu para extrair chumbo para munição. Além disso, havia ali esconderijos de componentes metálicos, que podem ter servido para mantê-los longe dos inimigos, ou mesmo para eventuais reutilizações.
Porém, uma descoberta que chamou bastante atenção foi uma sepultura individual nos limites do acampamento, a única do tipo escavada em todo o local. Ela abrigava uma jovem que foi enterrada de lado — posição incomum para sepultamentos cristãos da época — e com luxuosas roupas de seda entrelaçadas com frios de ouro e prata, além de itens como um anel de bronze, ganhos para roupas e uma corrente de liga de estanho e chumbo.
Após uma datação por radiocarbono, os pesquisadores concluíram que o sepultamento é da mesma época da ocupação do campo, mas ainda não foi possível determinar a origem da jovem, e nem a causa de sua morte. Porém, os especialistas acreditam que ela pode ter sido esposa de um oficial ou outra figura de alta patente. Mais estudos ainda devem ser feitos em busca de mais respostas sobre o local.