Embora retrate o caso real, "Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais" mistura fato e ficção sobre a vida de Lyle e Erik Menendez
Publicado em 25/09/2024, às 22h00 - Atualizado em 26/09/2024, às 09h34
Série mais assistida por brasileiros na plataforma de streaming Netflix, a segunda temporada da antologia "Monstro" revive o infame caso dos irmãos Menendez, que, em 1989, assassinaram os próprios pais, José e Kitty.
"Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais" chama atenção ao apresentar os dois lados do caso, que até hoje divide opiniões. De um lado, a acusação afirmava que Lyle e Erik mataram os pais por ganância, visando a fortuna da família. Do outro, a defesa alega que, na realidade, eles sofreram anos de abuso físico e mental de José e Kitty.
No entanto, a nova temporada não escapou da polêmica.
Erik Menendez criticou duramente a produção logo após a estreia. Em declaração divulgada por sua esposa, ele afirmou: "Acredito que superamos as mentiras e retratos arruinadores de Lyle, criando uma caricatura horrível e descaradamente falsa dele". Ele acrescentou que considera que Ryan Murphy agiu com má intenção ao distorcer fatos.
Murphy respondeu às críticas em entrevista ao Hollywood Reporter: "Acho interessante que ele tenha emitido uma declaração sem assistir ao programa. É muito difícil ver sua vida retratada na tela. Diria que 60 a 65% do conteúdo se concentra nos abusos que eles alegam ter sofrido. Tratamos isso com cuidado e permitimos que eles tenham seu dia no tribunal".
Assim, confira abaixo cinco detalhes que a série acertou ao retratar o caso dos irmãos Menendez.
Na série da Netflix, Lyle causa estranhamento nos presentes escolher a música "Girl I'm Gonna Miss You", do Milli Vanilli, para tocar no funeral dos pais. De fato, Lyle tocou essa música durante a despedida.
"Eu sabia desde o começo que você quebraria meu coração", diz um trecho da canção, traduzido. "Mas, ainda assim, eu tive que desempenhar esse papel doloroso".
Uma cena eletrizante mostra Kitty arrancando a peruca de Lyle durante uma discussão. A perda de cabelo foi um problema real para Lyle desde a adolescência. Após ouvir um conselho do pai, ele optou por raspar a cabeça e usar o adereço, explica o livro "The Menendez Murders" de Robert Rand.
Os irmãos foram presos em 1990 por duplo homicídio qualificado. O primeiro julgamento resultou em anulação devido à falta de consenso entre os jurados. No segundo julgamento em 1995, as evidências de abuso foram desconsideradas. Eles foram condenados à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional em 1996.
Como retrata a série, Lyle foi gravado por Norma Novelli durante conversas telefônicas enquanto aguardava julgamento. Assim, ela publicou um livrobaseado nas gravações sem consentimento formal de Lyle, prejudicando sua imagem perante o júri.
"Em algum momento de 1991, Novelli testemunhou, Lyle Menendez abordou a ideia de um livro. O plano original era detalhar suas experiências na prisão e “o outro lado de Lyle”, Novelli testemunhou, significando “'sua personalidade, coisas assim'", publicou o LA Times em 1995.
Um roteiro escrito por Erik e um amigo sobre a história de um rapaz que mata os pais ricos chamou atenção após o crime.
"A cena de abertura coincidiu com o que aconteceu na noite dos assassinatos", disse Craig Cignarelli, colega de Erik, em entrevista à ABC News em 2017.
Durante a deliberação da sentença no segundo julgamento, uma jurada sofreu um ataque cardíaco enquanto discutia a pena de morte para os irmãos.
O substituto foi contra a pena de morte, resultando na sentença de prisão perpétua sem liberdade condicional para Lyle e Erik.
"[a mulher] foi substituída por um jurado suplente durante a fase de penalidade após sofrer um ataque cardíaco", repercutiu o LA Times em 1996.
