Atualmente com 135 membros, a Guarda Suíça mantém viva uma tradição de mais de 500 anos, sendo muito criteriosa na seleção de seus integrantes
Com seus trajes coloridos e aparência imponente, a Pontifícia Guarda Suíça — frequentemente chamada de "o menor exército do mundo" — posicionou-se no Vaticano nesta quinta-feira, 8, durante o aguardado anúncio do novo papa, escolhido pelo conclave.
Conhecida como uma força de elite, a Guarda é extremamente rigorosa na seleção de seus membros. Para ingressar, é necessário ser cidadão suíço, católico praticante, homem solteiro entre 19 e 30 anos, medir pelo menos 1,74 metro de altura e possuir "saúde e reputação impecáveis", confirmadas por exames médicos e testes psicológicos realizados na Suíça.
Os aspirantes também devem ter completado dois meses de serviço militar no país de origem. O treinamento começa em Isone, com aulas de combate armado, primeiros socorros, defesa pessoal, tiro, direito e táticas de segurança.
No mês seguinte, os recrutas seguem para o quartel da Guarda no Vaticano, onde aprendem italiano (se necessário), cerimônias protocolares, troca de guarda e como saudar o papa.
A rotina de preparação é disciplinada: quatro horas diárias de exercícios físicos e comandos dados em alemão. Os guardas também treinam com a tradicional alabarda — arma medieval que mistura lança, machado e gancho, considerada precursora do famoso canivete suíço. Além do armamento histórico, o arsenal inclui espadas, armas de fogo, eletrochoque e spray de pimenta.
O compromisso mínimo de serviço é de 26 meses. Após cinco anos, guardas podem se casar, desde que tenham ao menos 25 anos e concordem em estender o serviço por mais três.
Atualmente com 135 membros (eram 110 em 2015), a Guarda Suíça mantém viva uma tradição de mais de 500 anos. Criada em 1506 pelo papa Júlio II, foi decisiva na proteção do papa Clemente VII durante o Saque de Roma em 1527 — ocasião em que 147 guardas morreram para garantir a fuga do pontífice para o Castelo de Sant'Angelo. Hoje, atua como força de honra, protegendo o Palácio Apostólico, o papa e a Santa Sé.
Cada novo integrante tem seu uniforme feito sob medida, em processo que leva mais de 30 horas. O traje, com mais de 120 peças, segue o modelo renascentista desenhado em 1914, com as cores azul, vermelho e amarelo — em homenagem à família Médici, do papa Clemente VII.
Em ocasiões especiais, os soldados usam luvas brancas, gorjeira e um capacete de metal com penacho de avestruz — cuja cor varia conforme a patente. Em certas cerimônias, também vestem uma couraça de metal de até 15 kg.
Para funções cotidianas, como a vigilância da Porta Sant'Ana, usam uma versão mais discreta do uniforme: azul, com camisa e calças bufantes. Durante viagens papais, a guarda acompanha o pontífice em trajes civis.