Bolsas de couro, vasos e barris transportavam bem, mas não seguravam o gás
Desde a Pré-História, usavam-se bolsas para líquido feitas de tecido animal – o queijo e o iogurte foram inven-tados por volta de 8 mil a.C., quando alguém tentou transportar leite numa bolsa feita do estômago de bezerro, que contém renina, uma enzima que coagula o leite. Na Espanha, ainda hoje é tradicional a bota, uma bolsa de couro para levar vinho.
Por volta de 1500 a.C., surgiram frascos estreitos de vidro, embalagens de luxo para perfumes e unguentos. No milênio seguinte, vinho, azeite e outros líquidos eram transportados e vendidos em ânforas, vasos com encaixes especiais para ser levados em navios e carroças, gravados com a região, variedade e nome do produtor. Elas eram hermeticamente seladas para preservar o conteúdo, às vezes com resina de pinheiro – o que deu origem ao retsina, o vinho resinado grego.
Para o armazenamento e transporte em massa, usavam-se vasos gigantes chamados pithos, que podiam conter mais de 2 toneladas. Após a conquista da Gália pelos romanos, em 57 a.C., o transporte também passou a ser feito em barris, uma invenção celta que deu novos sabores ao vinho.
A garrafa como se conhece hoje foi criada no século 1 a.C. na Síria, com a invenção do vidro soprado. Percebeu-se que o vinho podia envelhecer no vidro sem ganhar o sabor do recipiente, e os romanos deitavam azeite sobre ele para evitar a oxidação.
Até o século 17, garrafas eram frágeis demais para o transporte, e o cliente trazia as suas para serem preenchidas pelo comerciante, costume que durou até o século 20 para algumas variedades de vinho. Rolhas, usadas nas antigas ânforas e barris, só passaram a vedar os vidros no século 17, na Inglaterra, quando tampavam os primeiros lotes de cerveja engarrafada – era uma forma de reter o gás, o que o barril não fazia.
A novidade passou para a França no século seguinte, permitindo a invenção do champanhe – antes, fechavam-se os recipientes de vinho com panos embebidos em óleo. No século 19 surgiu a produção industrial de garrafas padronizadas, assim como de tampinhas de metal. O tamanho dos vasilhames ainda hoje é uma herança de tempos antigos: era o quanto um vidraceiro conseguia soprar com um fôlego.