Toda vez que a vira-lata ouviu um ‘Heil Hitler’, ela levantava a pata como forma de saudação; mas gesto não agradou em nada o governo alemão
Um dos maiores genocidas de todos os tempos, Adolf Hitler demonstrou amor por poucas coisas em sua vida. Além de sua obsessão pela busca da infundada 'raça ariana', o ditador ainda dedicava boa tarde de seu tempo aos seus animais de estimação.
Como a cadela Blondi, pastora alemã que foi usada até mesmo pela propaganda nazista. A paixão do Führer pelo animal de quatro patas era tamanha que o líder nazista permitiu que Blondi dormisse em sua cama enquanto ele esteve no bunker subterrâneo.
Mas, no fim, em suas últimas horas de vida, Adolf ordenou que a cadela fosse morta com capsulas de cianeto — para que a mesma não caísse nas mãos dos russos. Ela se tornara sua companheira até o fim da vida.
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Embora esse 'carinho' do ditador com o animal, não foram todos os cães que caíram nas graças do Terceiro Reich. Afinal, em 2011, documentos revelaram que uma vira-lata finlandesa foi alvo de perseguição — assim como seu tutor — por agentes nazistas. Entenda!
Em 29 de janeiro de 1941, o vice-cônsul alemão Willy Erkelenz em Helsinque escreveu que "uma testemunha, que não quer ser identificada, disse que viu e ouviu como o cachorro do [empresário Tor] Borg reagiu ao comando 'Hitler' levantando a pata".
Os arquivos só foram encontrados em meados de 2011, conforme repercutiu a BBC Internacional, por pesquisadores do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha. O conjunto de documentos e telegramas diplomáticos tratam de um alvo específico: a cadela vira-lata Jackie.
O órgão encontrou em seus arquivos os documentos trocados por antigos funcionários do local com membros do Ministério da Economia, da Chancelaria do governo nazista e por diplomatas alemães na Finlândia — que, até então, eram aliados dos nazistas, conforme informou o jornal Tagezeitung.
O motivo de tal ira é que Jackie supostamente fazia saudações nazistas — levantando a pata — toda vez que ouvia um 'Heil Hitler'; algo que irritou o governo alemão de tal maneira que o Reich passou a perseguir tanto a vira lata quanto Tor Borg.
Segundo a BBC, a própria esposa do empresário, Josefine, teria dado à Jackie o apelido de Hitler por conta do estranho comportamento. O mais curioso disso tido é que a mulher era uma ferrenha antinazista — o que sugere que tudo não passava de um grande deboche.
Desta forma, os documentos mostram que Tor Borg, que era empresário na cidade finlandesa de Tampere, chegou a ser interrogado pelos alemães sob suspeita de insultar Hitler. Além disso, os nazistas fizeram diversas tentativas de sabotar seu negócio, segundo registros de jornais da época.
Quando foi convocado à embaixada alemã, Borg reconheceu que sua esposa chamava, às vezes, Jackie de Hitler, mas em todo momento negou que o ato "pudesse ser visto como um insulto contra o Reich alemão", visto que o comportamento da cadela teria começado bem antes de Hitler ser nomeado chanceler em 1933.
Borg, embora afirme o contrário, não está dizendo a verdade", relatou a embaixada alemã, desconfiando do discurso do empresário.
O governo alemão, ainda, tentou boicotar a empresa de Borg, com o ministério da Economia e a Chancelaria de Hitler pressionando que os fornecedores da empresa farmacêutica do empresário, como a alemã IG Farben, cortassem relações comerciais com o finlandês.
Ainda, durante três meses, o Ministério das Relações Exteriores buscou meios para levar Tor a julgamento por insultar Hitler, no entanto, a falta de provas e testemunhas que se comprometessem com o caso acabou encerrando o assunto.
Em março de 1941, a Chancelaria decidiu que "considerando que as circunstâncias não poderiam ser completamente resolvidas, não é necessário apresentar queixa". Ainda hoje não está claro se o próprio Adolf Hitler esteve envolvido em toda essa confusão ou não.
O fato é que Tor Borg faleceu em 1959, aos 60 anos, mas sua companhia, a Tampereen Rohdoskauppa Oy, mais tarde acabou prosperando e se tornou a Tamro Group — uma das empresas farmacêuticas de maior sucesso da região nórdica, segundo a Associated Press.
Até o ano de 2011, a Tamro Group afirmou que não tinha conhecimento do papel da controversa cadela na história. Já Josefine Borg acabou falecendo em 1971, enquanto Jackie partiu de causas naturais sem uma data precisa.